quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

No Pirulito!!!

Então... Dezembro já vai terminando... E a chuva, ora chuvinha, ora pé d’água, vai e volta... Primavera já era! Mas o verão já chegou... O Natal já passou... E Ele vem aí! E aqui no vale do Paraibuna, Ele já chegou! Pelo menos nas rodinhas de conversa, no mercadinho e no Posto, no bus e no boteco, no Calçadão e...  
No Pirulito de Natal I  
     Então... Dezembro já vai terminando... E a chuva, ora chuvinha, ora pé d’água, vai e volta... Primavera já era!  A Majestade Sabiá já tá cantando um pouquinho longe daqui... Antes ele me agraciou com um belíssimo solo, no pé de jabuticaba do, que se abriu num leque verde-novo, e já se prepara para a floração. Canarinhos e rolinhas permaneceram e hão de ficar até o fim do Verão, que já chegou... O Natal já passou...  Quer dizer a gente inda tá pegando e aproveitando as sobras, e fazendo as trocas... Mas já tamos fazendo planos e promessas porque Ele vem aí!!! 
     Ele?!  Ele que nasce, cresce e nem sempre se reproduz, mas envelhece em 365 ou 366 dias... Aí Ele renasce... Ele, quem?  O Feliz, Infeliz, Nem tanto... Velho Ano Novo, Quase...  Oh, gente... Desculpa a enrolação... Afinal como só vai ser Feliz, se muita gente chora e outra nem isso! Afinal como pode ser Novo um ano 2012 d.C.?  Inda mais se sabendo que outras civilizações já tinham vivido de 2000 a 3000anos a.C?...  Ou mais? 
     Bem se sabe... Nada que a humanidade produz ou reproduz é simples... Ô espécie danada de complicar... E aí, sobra pra porção pensante e repensante do planeta resolver enigmas. Pena que tá chovendo e os meus decifradores particulares de enigmas – os meninos que surfam na praça, meus sobrinhos por parte da escola...   Pois é... Pena que eles não têm vindo surfar na lama, quer dizer na grama, apesar das férias! Vou ter que recorrer às figuras carimbadas e tombadas, no coração da cidade... Acelerado com corredeiras de gente do Calçadão se pororocando com os tsunamis de pessoas da Avenida do Barão... Eles tanto decifram enigmas como os transformam em arte de viver... Uns vendem doces, outros cantam, alguns se transformam em estátuas ou malabaristas, e outros são artesãos... 
     Fui até eles – não os dos boxes e barracas oficiais – mas os que ficam no chão, entre a Câmara e o Pirulito, que está vazio por causa das férias dos jovens estudantes, frequentadores assíduos deste point municipal. Pois é... Eu tava lá aguardando minha filha pra gente fazer comprinhas de Natal atrasadas – dessas que a gente esqueceu de propósito só pra pegar as promoções pós- festa. Aí sabe... As sombras das palmeiras do Parque me convidaram a provocar...  
     ─ E aí... gente... E o Velho morre ou não morre? E O Novo nasce ou não nasce?  
     A resposta dos hippies do brejo* - como os chama uma amiga aí de BH aí – foi uma resposta digna de um cidadão do mundo do séc.XXI, fundamentada num princípio filosófico bem mineiro: 
     ─ Depende, uai!!! 
     Podes crer! Que me resta senão atravessar a rua, agora que a Ísis já chegou com a réplica atravessada na garganta e a dúvida mais mineira ainda:
     ─ Mas depende do quê, uai?!!!  
Eu que vim resolver 1 enigma, agora tenho 2... Podes crer!!E ainda mais esse calor! Eu estou quase desidratada... Mas nada que uma garrafa de água a quase R$ 2,00 não resolva... Depende só da gente ter, né?...


Então... Aí, dezembro já ia terminando... Lembra?E a chuva, ora chuvinha, ora pé d’água, ia e voltava... Lembra? Primavera já era! Mas o verão já tinha chegado... O Natal tinha passado... E Ele vinha aí! E aqui no vale do Paraibuna, Ele já tinha chegado!Lembra? Pelo menos nas rodinhas de conversa, no mercadinho e no Posto, no bus e no boteco, no Calçadão e havia um enigma no ar e... 
No Pirulito de Natal II
     Não, caro leitor! Não se iluda!  Podes crer!!! Vc. não encontrará lá solução para este enigma... Se vc. gostar de enigmas, vai lá que vc. leva 2 e traz meia-dúzia ou mais!!Podes crer! Bem eu também gosto deles. Mas nessas ocasiões, eu fico com aquela mania de encerrar o ano, a limpo... Mas não  eu encontrei nenhumaresposta lá, nesse dia...Podes crer!
    Por isso me mandei com minha filha, deixei o Pirulito e as palmeiras pra lá. Eles que são do Parque se entendam.  E tendo descido coração da cidade abaixo, encontrei o Sr. Antonio**, velho violeiro que canta encanta a alma juiz-de-forana, e que me lembra o meu avô Isaías...  
    Mas mesmo que agora ele me cante a mais bela toada de viola, não poderei descansar, pois o pensamento que fica entre guardar a certeza de que será mesmo um ano novo feliz, com pequenas altercações com a vida ou chutar o pau da barraca e nem querer saber... Mas se for  um ano velho infeliz com pequenas consolações?   Mesmo com minha filha me arrastando de loja em loja, não consigo me livrar da idéia de que poderá também ser um ano tão feliz de velho ou tão novo de infeliz – ou nem tanto... 
     Mas aí inda tem o “depende, uai”... Se depender de alguns, vão fazer tudo para que sendo velho ou novo, seja um ano bom... Mas se depender dos outros?... Dos tais que fazem jus ao “ L’enfer som les autores.” de Sartre***, que meu amigo Toth  suscitou no advento da primavera. Lembra? 
    Pois é... Mudando o rumo da prosa, chegar em casa sã e salva vai depender deste taxista, que dando uma volta danada pra chegar no Monte Castelo...  E neste caso, o inferno foi o trânsito e as obras municipais... Podes crer!...
    Ahahah! Cheguei!... E um dos meus vizinhos, que com certeza é o paraíso em forma de outro, me socorre com o auxílio luxuoso de uma linda e velha canção da MPB#: 
    ─¶... Depende de nós... 
    Então! Depende de nós! Caro vizinho de quem não sei o nome, livraste-me de passar um réveillon enigmático ou sorumbático:  
    ─ Depende, uai! 
    Mas num depende do quê... Depende de quem!... De nós!  Mas nois, quem?  Já ia a velha dúvida mineira me arrastar para o abismo das conjecturas, quando meu outro paraíso de vizinho me faz saltar para o outro lado:
     ─¶ Aqueles que têm a marca da promessa e não deixam de acreditar!¶!!!  
    Ele clama, cantando janela na janela do 2º andar. É o que alega a nossa fé e as nossas canções gospel preferidas. Caro vizinho Robert, livraste-me de passar um réveillon agnóstico e talvez pernóstico... Então,  vamos liquidar com essa bagaça! Tá resolvido: 
    ─ Depende daqueles que acreditam nas promessas de Deus e daqueles que guardam fielmente a última esperança de um Mundo Melhor.  
     Então Viva La vida que sobreviverá e viva o Ano que confiam no Senhor! Vamos comemorar o Feliz Ano Divino!!! Feliz Ano Nosso!!!
      Ah, esqueci de dizer que quando minha mãe era pequena, ela ganhava rosca doce no Natal... E até pirulitos... E isto era um presentão... Mas esta é uma outra história! Depois eu conto!...
*Referência a expressão como  outros mineiros aplicam ao juiz-de-forano: carioca do brejo, hippie do brejo e etc.  
**Referência ao Sr. Antonio, violeiro que há muitos anos faz concertos de rua, no Calçadão da Rua Halfeld, ajudando a preservar a canção sertaneja de raiz mineira.
*** Referência à expressão “O inferno são os outros.” de Jean-Paul Sartre, pensador do existencialismo francês.
# Canção da MPB, “Depende de Nós” intérprete Ivan Lins e compositor Vítor Martins.
Izabel Cristina Dutra. escrito e  reescrito, em JF - entre 26 e 28/12/2012.

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