Então! Já vai passando janeiro... E as chuvas alagando os aglomerados urbanos e atolando a safra nas vicinais... Tem gente que tá de férias ou de feriadão e outros nem tanto! O pior é nós aqui se derretendo com a sobrinha na bolsa e o leque na mão. Bem aqui no coração da cidade aonde os rios de gente do Calçadão se pororocam no mar de pessoas da Avenida do Barão e inundam o Parque... Mas há os que se redemoinham nas palmeiras e lá! Aonde?!
NO PIRULITO DE VERÃO!!!! I
Então... Janeiro vai passando...
─ Tá de férias? Ou de licença?Só do trabalho, né? Não deu pra viajar nem pra praia ou pro campo, né? E em casa, a labuta é a mesma ou dobrada, né?Então, larga essa vassoura, desliga a máquina e apaga o fogão!Vai! Dá um upgrade no visual! Vai resolver assistir a sessão do meio-dia no Cine Palace ou dar umas voltas no Calçadão!
O que é isso, cara leitora! Não tô falando com vc. não! Quer dizer eu tô falando com vc. agora... Mas antes eu tava falando com os meus botões. Ou melhor, tô falando com nós duas e pra falar só a verdade... Cá pra nós!... Tremendo janeiro ora chuvoso e frio ora quente de rachar mamona e estourar jabuticaba e nós aqui, socadas em casa! Falando nisso a jabuticabeira do vizinho tá que deita folhas e galhos verdes verão-total!... Mas nada de flores... Nem frutos! Uai, gente! Ela tá meio atrasada porque segundo a advinha popular “se não der neste ano, dá janeiro vier...” *¹ Janeiro já veio e já tá indo...
Mas do que eu tava falando mesmo? Ah! Eu tava falando pra mim e pra vc. que a gente tinha mais que dar um tapa na aparência e ir dar um rolé pelo coração da cidade! Com ou sem motivo... Melhor do que, ainda por cima de tudo, fazer faxina na papelada do ano passado ou ficar assistindo pela TV a farra dos habitantes e visitantes do agradável balneário de São Sebastião do Rio de Janeiro, em pleno feriadão, em pleno verão carioca! Tô até vendo a minha queridíssima amiga do RJ tirando onda:
─ Aí... Oh! Tamos de brisa e vcs. do brejo só ralando.
Pior é minha mui amiga de BH se acabando de rir e dizendo que prefere praia no Rio Grande do Norte às do Espírito Santo, porque lá eles vão tropeçar em churrasquinho de juiz-de-forano na areia nem ouvir batuquê de praia de carioca do brejo! Chupa esta manga!
Quer saber? Já tou indo! Já tô botando aquele vestido... Aquele!... O que faz todo marido perguntar:
─ Aonde que vc. foi vestida toda arrumada assim?!
─ Só fui dar umas voltas no Centro, uai!
Resposta absolutamente inocente que não sei por que faz qualquer cidadão casado de qualquer idade lembrar de tomar um bom banho, fazer a barba, se perfumar e te convidar para tomar um vinho, ouvindo umas belas músicas...
Pois é... Foi um vestido desses que coloquei e acrescentei mais um par de brincos, uma sandalete, um perfuminho e batonzinho, abaixo de qualquer suspeita. Desci e subi o calçadão com cara de quem tinha algo a resolver. Até tentei resolver algo na Agência JF*², mas descobri que tenho mesmo que esperar até o último dia útil de janeiro. E já estava já me preparando para me redemoinhar palmeiras ou lá... No Pirulito de Verão!
Pois é... eu tava me preparando para não fazer nada e só dá umas voltinhas... Quando este belo e fútil dia de verão se transformou em um dia plenamente útil, pois ao sair da tal agência, dou de cara com Dedé... Um dos mais especiais espécimes da raça masculina... O padrinho de Isis, minha filha...
Foi um belo encontro afinal havia mais de um ano que nós procurávamos notícias deles e de Cristi, sua irmã e madrinha de Ísis. Foi sem dúvida um belo reencontro e tinha que ser ali, no Pirulito!
Então! Já ia passando janeiro... E as chuvas alagando os aglomerados urbanos e atolando a safra nas vicinais... Lembra? Tinha gente que tava de férias ou de feriadão e outros nem tanto! O pior era nós aqui se derretendo com a sobrinha na bolsa e o leque na mão! Lembra? Bem aqui, no coração da cidade aonde os rios de gente do Calçadão se pororocam no mar de pessoas da Avenida do Barão e inundam o Parque... Lembra? Mas havia os que se redemoinham nas palmeiras e lá! Aonde?!
NO PIRULITO DE VERÃO!!!! II
Então, janeiro estava quase acabando e eu tinha lhe convidado, cara leitora, a deixar de lado as férias “nem tanto!”, dar um tapa na aparência e umas voltinhas no coração da cidade!Lembra?
Foi num acintoso gesto de reação ao feriadão carioca, às big-férias de alguns belo-horizontinos no litoral potiguar, que eu e vc. fomos parar no Pirulito de Verão! Aliás, eu mesma coloquei um daqueles vestidos e perfumes, que faz marido fazer pergunta boba, no final do expediente, e o transforma de repente no último dos românticos. Lembra?
Cheguei usar o pretexto de resolver algo e fui à Agência JF.*² Lembra? E quando o dia me parecia suficientemente fútil, eis que um reencontro com pessoas inesquecíveis de quem eu e Ísis havíamos perdido o contato – Dedé e Cris – transformou no mais útil dos últimos dias de janeiro. Lembra?
E foi justamente no mais novo marco histórico é que se deu este histórico reencontro pois se há pessoas que não podem sair da nossa história – minha e da Ísis – são estes dois espécimes especiais da raça humana. Foi num tempo difícil que nos conhecemos e dividimos nosso pão, nossa alegria e nossa dor! Nossas – minha, da Ísis, da Cristie, do Dedé e da Mamãe Graça – que é como minha filha tratava a mãe deles, que Deus a tenha! Quando eu redemoinhei de novo o Pirulito e desci as corredeiras da Rua Halfeld, havia uma sensação de volta ao começo. Lembranças do tempo em que tudo que a Ísis queria era dar uma volta de velotrol, na Praça da Barreira e, comprar roupas novas para Teteca, a primeira e inesquecível boneca!
Pois é... Mas não era a única a ter reencontros úteis em pleno janeiro de férias ou feriadão. Havia lá também uma estudante dando uma espinafrada numa colega “descuidada”, que se esqueceu de pagar a conta de luz, e agora a república delas estava às escuras. Inda bem que elas encontraram um moço gente que parece que vai resolver o “blema”
─ Agradece ao coleguinha, meninas!
Havia um outro moço agoniado no celular, gritando não sei com quem que advogado de uma tal associação estava atrasado, e que ia perdendo a causa contra o patrão por falta de defesa adequada. Não é que foi bom ele ter gritado? Pois um jovem defensor, com cara de recém-formado, foi se chegando e se metendo na conversa. E não é que eles juntos saíram em direção ao prédio da Justiça Trabalhista!
─ Eh! Caras amigas de BH e do RJ... Parece que não é só naquele Largo*³ que funcionam consultorias, agências e escritórios informais. Tá evidente que a prestação de serviços alternativos aqui em JF já possui um novo endereço: Parque Halfeld, s/nº e adjacências!
Pois é... E olha que funcionam a todo vapor nesta vaporosa tarde de verão com céu pleno de nimbos e estratos-cirros que atropelam cúmulos**.
─ Eh! Parece que vai chover e muito com direito a granizo.
Quer saber? Tô indo embora... Antes que me arrasem esta minha sandalete, o vestido, o perfuminho e o batonzinho, abaixo de qualquer suspeita! Ahn?
Ah! Eu, Ísis, Cristie, Dedé e Mamãe Graça e o de volta ao começo? Esta é uma outra história linda. Mas depois eu conto...
*¹ - Advinha popular: “O que é o que é, Jabuti caburé? Se não der neste ano, dá janeiro que vier!”
*² - Agência JF : repartição pública municipal para atendimento ao cidadão, no que toca a tributosmunicipais.
*³ - Largo do Riachuelo, entre Avenida Rio Branco, Av. dos Andradas, Rua Roberto de Barros e Benjamim Constant, no centro de Juiz de Fora.
** - tipos de formação de nuvens.
Izabel Cristina Dutra - escrito e reescrito em JF, entre 20/01 e 31/01/2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário