sexta-feira, 18 de maio de 2012

O retorno...


  
Então... Maio veio e já está indo. E na primeira quinzena, o outono assumiu sua condição de meia-estação e depois hibernou. Não sei por que!  Serah que foi por medo dela? ... ELA? Vc. não sabe não? Pois então leia...

O retorno da esfinge* – 2012º episódio - parte I 

     Então... Maio veio e já está indo. E na primeira quinzena, o outono assumiu sua condição de meio-estação e depois hibernou. Ou será... Depois invernou? É porque essa friagem e  essa chuvinha fininha que deixa gotas coloridas nos fios elétricos e
nas folhagens das árvores...
     ─ Isto não é sinal que o inverno enxerido já chegou? 
     Bom... O certo é que a primeira vontade foi ficar em casa... Ainda mais com uma dorzinha enjoada em vários pontos do aparelho locomotor... Mas depois “penso na vida pra levar”¹  e vou resolver um assunto que sou é posso resolver, num dos locais, que penso ser um dos corações alternativos desta cidade-vale e polo... Totalmente polo!!!  
     ─ Sim, caro (a) leitor (a)! Uma cidade assim há de ter seus corações alternativos... Senão o entupimento das artérias urbanas há de ser irreparável... 
     Pois então, eu estava lá no tal coração alternativo – entre a Av. do Águia de Haia e a ponte de Santa Terezinha e um rápida visão do Mané Honório ( como diz uma certa senhora que vem da Zona Rural,  todo o 5º dia útil)**. 
     Lá ia eu devagar, quase chegando, quando numa esquina da rua antes  do sinal de 4 tempos da avenida BRASIL – a  da real de JF e não  a da novela de RJ – antes  da ponte, eis  que elas surgem diante de mim e nos esbarramos. Elas? Irmã Mais Velha  e Caçulinha – a esfinge-mirim* , a que nos ameaça constantemente com enigmas muito mais enigmáticos que o clássico:
      ─ “Decifra-me ou devoro-te? Qual é o animal que de manhã anda com 4 pés, de tarde anda com 2 e à noite com 3?”² 
     Vc. não sabe a resposta não, prezado(a) leitor(a)?... Então, antes de ser devorado(a), escuta o resto do “causo”: 
     Era com certeza uma esfingezinha, não a mesma do outro dia, mas outra bem mais enfeitadinha – cabelinhos repletos de tererês  de Barbie, merendeira de Barbie, sandalinha de Barbie*** e uniforme de algum castelo encantado do pré-escolar. Ela vinha de mãos dadas, quer dizer agarradas, com uma mocinha , Irmã Mais Velha, uma dessas  que têm levar Caçulinha na escola, todo o dia útil do mês. E é claro!... Com que alegriaaah e com que boa-vontaaade fazia isssso! E ainda tinha que impedi-la de causar acidentes e incidentes! 
     Pois é... Uma dessas esfingezinhas atravessou o meu caminho, no momento em que eu me preparava para atravessar  a avenida BRASIL e depois cruzar a ponte – uma  daquelas que a gente tem que cruzar nesta cidade-vale do rio PARAIBUNA... 
     Então... Aquela gracinha de esfinge olhou no fundo nos meus olhos e me propos um dos  enigmas do século: 
      ─ Tiaah!... Cê sabe qual é a melô do bicho papão? 
     Ah! Leitor (a) preferido(a) do meu coração, vc. não sabe a resposta não? Pois só vai saber depois... Porque agora eu vou dormir que o remedinho já está fazendo efeito... Até amannnn... ...

Então... Maio já tinha vindo e já estava indo.  Lembra? E na primeira quinzena, o outono assumiu sua condição de meia-estação e depois hibernou .Lembra ?. Eu não sabia por que!  E vc. também não. Lembra?  Serah que era por medo dela? ... ELA? Vc. não sabia não!  E aí vc.leu mas não ficou sabendo de tudo. Quer saber? Pois então leia...

O retorno da esfinge* – 2012º episódio- parte II 

     No episódio anterior... Vc. leu que o inverno enxerido e apressado tinha ousado dar as caras, antes do tempo certo, e obrigado o outono a hibernar.E eu saí de casa, por necessidade. E se pudesse nem iria porque, em dias frios, tem aquela dorzinha em vários pontos... 
     Mas eu fui e havia esbarrado em Caçulinha e Irmã Mais Velha... E até hoje não sei quem levou quem pra escola... O que sei de certo é que Caçulinha, a esfinge-mirim*, me lançou um dos enigmas do século: 
     ─ Qual  é a melô do bicho papão? 
     Eu sabia... Claro que sabia... Que mãe e professora seria eu  se não soubesse de cor e salteado a melô do bicho-papão!... 
     ─  ... Bicho-papão sai de cima do telhado ...
     ─  Nããão!... 
     ─ ...Não tenha medo do bicho-papão...
     ─ Nãããuuummm!...
     ─ ♪...Bicho-papão, o pai da criança te manda surrar?...  
     ─ Naninannãuuuum!... 
     Ou seja, queridíssimo (a) leitor(a), eu pensava que sabia a resposta deste  enigma proposto por mais esta esfingezinha do séc. XXI! Não sabia nããoummmm! 
     Vc. sabe? Tem certeza? Pois Ela – a Caçulinha  sabia e atirou-me o refrão na lata: 
      ─ ... “Lêrêlê...Lêlêlê... Se eu te pegar vc. vai vêêê... Lêlêlê...”³ 
      ─ Oh! Não!Oh! Vida!... 
      Sim, incomparável leitor (a)! Esta é a melô do bicho-papão do séc.XXI! Tá pensando no que eu tô pensando, amadinhos (as)?! 
      Sim! Estamos diante de um fenômeno cultural nunca dantes visto: o advento do eletroforró (ou da balada sertaneja) acaba de alcançar o universo lírico e mitológico infantil!  Isto me instiga a questionar: 
     ─ Então o que Lobo Mau cantará a Chapeuzinho Vermelho?  
     ─ ...Ai...Ai...Se eu te pego...”³? 
     ─ E que o Príncipe Encantado o que dirá melodiosamente, enquanto vai  ao encontro de sua amada Rapunzel? 
     ─ “... Por isso, vou  na  torre  dela, aiiai... Tá me esperando na janela, aiiai...”³? 
      E em sendo assim... E se a moda pega,  toda  esta força estranha no ar pode impregnar  o universo das novelas de cavalaria e quiçá de  toda  a mitologia greco-romana...
      ─ O que Rei Arthur vai cantar pra a linda Guenevere? 
      ─ “.. Você não vale nada, mas eu gosto de vc.....”³? 
      ─ E  o que Medeia esganiçará para Jasão, antes de cometer seu desatino? 
      ─ “... Ex-my love! Huhumhumm... Ex-my-love! Huhumhummm...”³? 
      Imaginem, Srs. (as), as Sombras da Morte perseguindo Orfeu e Eurídice, dançando e cantando:
      ─"♪...Oioiioi... Oioiioi... Vem dançar comigôôô!...”³? 
      Espantadíssimo (a) leitor (a), não se acanhe em dizer que é imaginação fértil demais. A minha filha já me diz isto todos os dias. E saiba que eu entrei no túnel do tempo, e com certeza, resvalaria pelas pirâmides egípcias até a Pré-História, se Irmã Mais Velha não me acordasse, com uma estridente advertência:   
     ─ Charleynne Regynna*¹, para de ficar cantando besteira  e rebolando desse jeito na rua, perto dos outros... Vou contar pra mamãe, hein...! 
     Isto bem na hora em que o sinal abriu e nós atravessamos a margem direita do rio Paraibuna, bem na avenida BRASIL ( a da real, não da novela). 
     E dali pra frente a esfinge-mirim* foi sendo arrastada pela ponte afora, mas cantando e requebrando... Lêrêlê ... lêlêlê... Cantando e requebrando... Lêrêlê...lêlêlê... Até que... Humm, amadinhos (as), vcs. estão doidinhos (as) pra saber  o fim deste “causo ,não é?... Amanhã eu conto.... Boa noooii...

Então... Maio já tinha vindo e já estava indo.  Lembra? E na primeira quinzena, o outono assumiu sua condição de meia-estação e depois hibernou.Lembra ?. Eu não sabia por que!  E vc. também não. Lembra?  Serah que era por medo dela? ... ELA? Vc. não sabia não!  E aí vc.leu e ficou sabendo de tudo.  Menos como termina este causo.Quer saber? Pois então leia...

O retorno da esfinge* – 2012º episódio- parte III

      Nos episódios anteriores... Vc. havia lido que eu tinha esbarrado em  Charleynne Regynna*¹ – a Caçulinha  – e  Irmã Mais Velha, cujo nome de batismo ignoro até hoje. E que Caçulinha havia me proposto um enigma e que eu tinha descoberto que um big-sucesso do eletroforró ( ou da balada sertaneja) havia invadido o faz-de-conta. 
      Vc. também se espantou com a possibilidade de termos  uma nova trilha musical para contos infantis e, mais ainda havia sérios riscos da efervescência tecno-rural  brasileira   atingir a pré-história, via minha imaginação! Não é?...  E  vc. arde de curiosidade para saber o fim deste causo. Não é?...  
     Pois é... Então... Depois de ter atravessado a tal ponte, Caçulinha, cantante e requebrante, quase nos mata de susto, fingindo que ia atravessar a margem esquerda do rio, na avenida BRASIL – a da real e a da novela – com o sinal aberto.   
     ─ Foi brincadeirinhaaah! 
     Sinal aberto, atravessamos rapidinho e Irmã Mais Velha acelerou o arrastão de Caçulinha, pra escola. Eu parei assim que avistei a fila do banco, e elas seguiram seu caminho. A primeira, firme na tarefa árdua de levar irmã mais nova pra escola, sem acidentes e incidentes... E Caçulinha ainda deu canja,cantando e requebrando pra a plateia improvisada, requebrando e cantando:
     ─♪... Lerêlê... Lêlêlê... Se eu te pegar vc. vai vêêê...  "
     E assim foi sumindo, na neblina fria que voltara a cair... Ainda bem que faltava pouco pro banco abrir. 
     Mas antes, devo-lhe avisar que o incidente da cantante e requebrante esfinge-mirim* não passou despercebido, aos usuários da fila bancária nossa de cada dia. Não, caro (a) leitor (a)! Houve até  manifestação notória de ponto de vista: 
    ─ Essas crianças de hoje!!! – falou rindo  uma dessas avós que não compreendem mas aceitam os nossos tempos tão diferentes do dela.
    ─ Isto é falta de um corretivo severo – ranzinzou um certo Sr. Nem Tanto que não sei de que tempo é. 
    ─ Mas vai corrigir o quê e como? – intrometeu-se uma Srta.Toda fashion  e de piercing no nariz e no umbigo, com certeza uma beldade de 2012  É  o mundo... é o nosso mundo!...      
     Ah! Pra quê... O  Sr.Nem Tanto, que bem tinha dado umas olhadelas bem assanhadas na tal Srta., elevou a voz e as sobrancelhas e afirmou pra que todos ouvissem, se exibindo todo:  
     ─ Pra corrigir maus modos, é só enfiando o couro!... 
     Ah!  Indignadíssimo (a) Leitor (a),  isto deitou  fervura na mistura  de Maria da Cruz+ italiano calabrês+ uma gotinha de goitacás#que corre em minhas veias!... Mas não precisei nem abrir  a minha boca, pois uma Sra. de Língua Afiada soltou um  brado retumbante*²: 
    ─ Se bater corrigisse alguém, a cadeia não tava cheia de bandidos, porque lá tem bocado de gente de lombo quente... 
     E já ia se instalando mais uma polêmica  de fim de mundo, quando o banco abriu e  um rapaz Pode Contar Comigo deu as senhas da prioridade... O resto que aguardasse. Ainda mais que agora tem cadeiras... Não pra todo o mundo...  
     Então.. Foi assim que terminou a minha aventura em dia de urgências, e... Hum? Como?... Vc.não sabe quem é o Sr. Nem Tanto, nem a Srta. Toda Fashion, tão pouco a Sra. Língua Afiada... Mas vc. conhece o rapaz Pode Contar Comigo? Não é?  
     Bem ... Isto é um outro “causo”... A gente fala disso depois... Depois... Porque agora eu já tô na casa do João Soninho... Deeepoooiiisss...

*-  Para saber mais, leia no mesmo blog : Aquele  último domingão 99% bissexto I,II  e III;
     ** - Av. Rui Barbosa (Águia de Haia, título recebido por este escritor pensador e político brasileiro quando este participou da II  Con -ferência da Paz,1907) ), Santa Terezinha (Teresa de Lisieux, canonizada em 1925 pelo Papa XI) e Manoel Honório (notório comerciante  e morador da área que é hoje um dos bairros comerciais e residenciais de JF ): nomes de bairros e logradouros comerciais da Zona Leste de JF;
     *** - Barbie:  modelo de boneca que virou coqueluche nos anos 80 e 90;
    *¹- Charleyenne Regynna – referência às grafias complicadas dos nomes da crianças dos anos 2000.
    *² - “brado retumbante” – expressão do Hino Nacional Brasileiro
 “¹-   “depois penso na vida pra levar... “  verso da música “Cotidiano” - Chico Buarque.
   “ ²-  A resposta é o ser humano, que engatinha na infância, depois põe-se em pé quando adulto e na velhice se ampara num cajado ou bengala;
   “³ -  refrões de músicas dos gêneros eletroforró, balada sertaneja e tecnobrega,  que estão fazendo sucesso nas rádios e TVs  e na "nigth" de todo o Brasil;
   # referência  à diversidade étnica da autora: Maria da Cruz, sua bisavó negra, seu pai italiano e sua tataravó índia.
                                           Izabel Cristina Dutra - Produzido em JF/MG, entre os dias 16 a 20/05/2012.
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário