Então...
Maio veio e já está indo. E na primeira quinzena, o outono assumiu sua condição
de meia-estação e depois hibernou. Não sei por que! Serah que foi por medo dela? ... ELA? Vc. não
sabe não? Pois então leia...
O retorno da esfinge* – 2012º episódio -
parte I
Então... Maio veio e já está indo. E na primeira quinzena, o
outono assumiu sua condição de meio-estação e depois hibernou. Ou será...
Depois invernou? É porque essa friagem e
essa chuvinha fininha que deixa gotas coloridas nos fios elétricos e
nas folhagens das árvores...
nas folhagens das árvores...
─
Isto não é sinal que o inverno enxerido já chegou?
Bom... O certo é que a
primeira vontade foi ficar em casa... Ainda mais com uma dorzinha enjoada em
vários pontos do aparelho locomotor... Mas depois “penso na vida pra levar”¹ e vou resolver um assunto que sou é posso
resolver, num dos locais, que penso ser um dos corações alternativos desta
cidade-vale e polo... Totalmente polo!!!
─ Sim, caro (a) leitor (a)! Uma cidade assim há de ter seus corações
alternativos... Senão o entupimento das artérias urbanas há de ser irreparável...
Pois então, eu estava lá no tal coração alternativo – entre a Av. do Águia de
Haia e a ponte de Santa Terezinha e um rápida visão do Mané Honório ( como diz
uma certa senhora que vem da Zona Rural,
todo o 5º dia útil)**.
Lá ia eu devagar, quase chegando, quando numa
esquina da rua antes do sinal de 4
tempos da avenida BRASIL – a da real de
JF e não a da novela de RJ – antes da ponte, eis que elas surgem diante de mim e nos esbarramos.
Elas? Irmã Mais Velha e Caçulinha – a esfinge-mirim*
, a que nos ameaça constantemente com enigmas muito mais enigmáticos que o
clássico:
─ “Decifra-me ou devoro-te? Qual é o animal que de manhã anda com 4
pés, de tarde anda com 2 e à noite com 3?”²
Vc. não sabe a resposta não,
prezado(a) leitor(a)?... Então, antes de ser devorado(a), escuta o resto do
“causo”:
Era com certeza uma esfingezinha, não a mesma do outro dia, mas outra
bem mais enfeitadinha – cabelinhos repletos de tererês de Barbie, merendeira de Barbie, sandalinha de
Barbie*** e uniforme de algum castelo encantado do pré-escolar. Ela vinha de
mãos dadas, quer dizer agarradas, com uma mocinha , Irmã Mais Velha, uma
dessas que têm levar Caçulinha na escola,
todo o dia útil do mês. E é claro!... Com que alegriaaah e com que boa-vontaaade
fazia isssso! E ainda tinha que impedi-la de causar acidentes e incidentes!
Pois é... Uma dessas esfingezinhas atravessou o meu caminho, no momento em que
eu me preparava para atravessar a avenida BRASIL e depois cruzar a ponte – uma daquelas que a gente tem que cruzar nesta
cidade-vale do rio PARAIBUNA...
Então... Aquela gracinha de esfinge olhou no
fundo nos meus olhos e me propos um dos enigmas do século:
─ Tiaah!... Cê sabe qual é a melô do bicho
papão?
Ah! Leitor (a) preferido(a) do meu coração, vc. não sabe a resposta não? Pois
só vai saber depois... Porque agora eu vou dormir que o remedinho já está
fazendo efeito... Até amannnn... ...
Então...
Maio já tinha vindo e já estava indo.
Lembra? E na primeira quinzena, o outono assumiu sua condição de
meia-estação e depois hibernou .Lembra ?. Eu não sabia por que! E vc. também não. Lembra? Serah que era por medo dela? ... ELA? Vc. não
sabia não! E aí vc.leu mas não ficou
sabendo de tudo. Quer saber? Pois então leia...
O retorno da esfinge* – 2012º episódio-
parte II
No
episódio anterior... Vc. leu que o inverno enxerido e apressado tinha ousado dar as caras, antes do tempo certo, e obrigado o outono a hibernar.E eu saí de casa, por necessidade. E se
pudesse nem iria porque, em dias frios, tem aquela dorzinha em vários pontos...
Mas
eu fui e havia esbarrado em Caçulinha e Irmã Mais Velha... E até hoje não sei
quem levou quem pra escola... O que sei de certo é que Caçulinha, a
esfinge-mirim*, me lançou um dos enigmas do século:
─ Qual é a melô do bicho papão?
Eu sabia... Claro
que sabia... Que mãe e professora seria eu se não soubesse de cor e salteado a melô do
bicho-papão!...
─ ♪... Bicho-papão sai de cima do telhado ...♪?
─ Nããão!...
─ ♪...Não
tenha medo do bicho-papão...♪?
─ Nãããuuummm!...
─ ♪...Bicho-papão, o pai da criança te manda surrar♪?...
─ Naninannãuuuum!...
Ou seja, queridíssimo (a) leitor(a), eu pensava que sabia a
resposta deste enigma proposto por mais
esta esfingezinha do séc. XXI! Não sabia nããoummmm!
Vc. sabe? Tem certeza? Pois
Ela – a Caçulinha – sabia e atirou-me o refrão na lata:
─ ♪... “Lêrêlê...Lêlêlê...
Se eu te pegar vc. vai vêêê... Lêlêlê...♪”³
─ Oh! Não!Oh!
Vida!...
Sim, incomparável leitor (a)! Esta é a melô do bicho-papão do séc.XXI!
Tá pensando no que eu tô pensando, amadinhos (as)?!
Sim! Estamos diante de um
fenômeno cultural nunca dantes visto: o advento do eletroforró (ou da balada
sertaneja) acaba de alcançar o universo lírico e mitológico infantil! Isto me instiga a questionar:
─ Então o que
Lobo Mau cantará a Chapeuzinho Vermelho?
─ “♪...Ai...Ai...Se
eu te pego...♪”³?
─ E que o Príncipe Encantado o que dirá
melodiosamente, enquanto vai ao encontro
de sua amada Rapunzel?
─ “♪... Por isso, vou na
torre dela, aiiai... Tá me
esperando na janela, aiiai...♪”³?
E em sendo assim... E se a
moda pega, toda esta força estranha no ar pode impregnar o universo das novelas de cavalaria e quiçá
de toda
a mitologia greco-romana...
─ O que Rei Arthur vai cantar pra a linda Guenevere?
─ “♪.. Você não vale nada,
mas eu gosto de vc.....♪”³?
─ E o que Medeia esganiçará para Jasão, antes de
cometer seu desatino?
─ “♪... Ex-my love! Huhumhumm... Ex-my-love!
Huhumhummm...♪”³?
Imaginem, Srs. (as), as Sombras da Morte
perseguindo Orfeu e Eurídice, dançando e cantando:
─"♪...Oioiioi... Oioiioi... Vem
dançar comigôôô!...♪”³?
Espantadíssimo (a) leitor (a), não se acanhe em dizer que
é imaginação fértil demais. A minha filha já me diz isto todos os dias. E saiba que eu
entrei no túnel do tempo, e com certeza, resvalaria pelas pirâmides egípcias até
a Pré-História, se Irmã Mais Velha não me acordasse, com uma estridente
advertência:
─ Charleynne Regynna*¹,
para de ficar cantando besteira e
rebolando desse jeito na rua, perto dos outros... Vou contar pra mamãe, hein...!
Isto bem na hora em que o sinal abriu e nós atravessamos a margem direita do
rio Paraibuna, bem na avenida BRASIL ( a da real, não da novela).
E dali pra
frente a esfinge-mirim* foi sendo arrastada pela ponte afora, mas cantando e
requebrando... Lêrêlê ... lêlêlê... Cantando e requebrando...
Lêrêlê...lêlêlê... Até que... Humm, amadinhos (as), vcs. estão doidinhos (as)
pra saber o fim deste “causo ,não é?...
Amanhã eu conto.... Boa noooii...
Então...
Maio já tinha vindo e já estava indo.
Lembra? E na primeira quinzena, o outono assumiu sua condição de
meia-estação e depois hibernou.Lembra ?. Eu não sabia por que! E vc. também não. Lembra? Serah que era por medo dela? ... ELA? Vc. não
sabia não! E aí vc.leu e ficou sabendo
de tudo. Menos como termina este causo.Quer
saber? Pois então leia...
O retorno da esfinge* – 2012º episódio-
parte III
Nos
episódios anteriores... Vc. havia lido que eu tinha esbarrado em Charleynne Regynna*¹ – a Caçulinha – e Irmã Mais Velha, cujo nome de batismo ignoro
até hoje. E que Caçulinha havia me proposto um enigma e que eu tinha descoberto
que um big-sucesso do eletroforró ( ou da balada sertaneja) havia invadido o
faz-de-conta.
Vc. também se espantou com a possibilidade de termos uma nova trilha musical para contos infantis
e, mais ainda havia sérios riscos da efervescência tecno-rural brasileira atingir a pré-história, via minha imaginação!
Não é?... E vc. arde de curiosidade para saber o fim deste
causo. Não é?...
Pois é... Então...
Depois de ter atravessado a tal ponte, Caçulinha, cantante e requebrante, quase
nos mata de susto, fingindo que ia atravessar a margem esquerda do rio, na
avenida BRASIL – a da real e a da novela – com o sinal aberto.
─ Foi brincadeirinhaaah!
Sinal aberto,
atravessamos rapidinho e Irmã Mais Velha acelerou o arrastão de Caçulinha, pra
escola. Eu parei assim que avistei a fila do banco, e elas seguiram seu caminho. A primeira, firme na tarefa árdua de levar irmã mais nova pra escola, sem acidentes e
incidentes... E Caçulinha ainda deu canja,cantando e requebrando pra a plateia improvisada, requebrando
e cantando:
─“♪... Lerêlê... Lêlêlê... Se eu te pegar vc. vai vêêê...
♪ "
E assim foi
sumindo, na neblina fria que voltara a cair... Ainda bem que faltava pouco pro
banco abrir.
Mas antes, devo-lhe avisar que o incidente da cantante e
requebrante esfinge-mirim* não passou despercebido, aos usuários da fila
bancária nossa de cada dia. Não, caro (a) leitor (a)! Houve até manifestação notória de ponto de vista:
─
Essas crianças de hoje!!! – falou rindo
uma dessas avós que não compreendem mas aceitam os nossos tempos tão
diferentes do dela.
─ Isto é falta de um corretivo severo – ranzinzou um certo
Sr. Nem Tanto que não sei de que tempo é.
─ Mas vai corrigir o quê e como? –
intrometeu-se uma Srta.Toda fashion e
de piercing no nariz e no umbigo, com
certeza uma beldade de 2012 – É o mundo... é o nosso mundo!...
Ah! Pra quê... O Sr.Nem Tanto, que bem tinha dado umas olhadelas
bem assanhadas na tal Srta., elevou a voz e as sobrancelhas e afirmou pra que
todos ouvissem, se exibindo todo:
─ Pra corrigir maus modos, é só enfiando o
couro!...
Ah! Indignadíssimo (a) Leitor
(a), isto deitou fervura na mistura de Maria da Cruz+ italiano calabrês+ uma
gotinha de goitacás#que corre em minhas veias!... Mas não precisei nem abrir a minha boca, pois uma Sra. de Língua Afiada
soltou um brado retumbante*²:
─ Se bater
corrigisse alguém, a cadeia não tava cheia de bandidos, porque lá tem bocado de
gente de lombo quente...
E já ia se instalando mais uma polêmica de fim de mundo, quando o banco abriu e um
rapaz Pode Contar Comigo deu as senhas da prioridade... O resto que aguardasse. Ainda mais que agora tem cadeiras... Não pra todo o mundo...
Então.. Foi assim que terminou a minha
aventura em dia de urgências, e... Hum? Como?... Vc.não sabe quem é o Sr. Nem
Tanto, nem a Srta. Toda Fashion, tão pouco a Sra. Língua Afiada... Mas vc.
conhece o rapaz Pode Contar Comigo? Não é?
Bem ... Isto é um outro “causo”... A gente fala disso depois...
Depois... Porque agora eu já tô na casa do João Soninho... Deeepoooiiisss...
*- Para saber mais, leia no mesmo blog :
Aquele último domingão 99% bissexto
I,II e III;
** - Av. Rui Barbosa (Águia de Haia, título recebido por este escritor pensador
e político brasileiro quando este participou da II Con -ferência da Paz,1907) ),
Santa Terezinha (Teresa de Lisieux, canonizada em 1925 pelo Papa XI) e Manoel
Honório (notório comerciante e morador
da área que é hoje um dos bairros comerciais e residenciais de JF ): nomes de bairros e logradouros comerciais da Zona Leste de JF;
*** - Barbie: modelo de boneca que virou coqueluche nos anos
80 e 90;
*¹-
Charleyenne Regynna – referência às grafias complicadas dos nomes da crianças
dos anos 2000.
*² - “brado retumbante” – expressão do Hino
Nacional Brasileiro
“¹-
“depois penso na vida pra levar... “
verso da música “Cotidiano” - Chico Buarque.
“ ²- A resposta é o ser humano, que engatinha na
infância, depois põe-se em pé quando adulto e na velhice se ampara num cajado
ou bengala;
“³ - refrões de músicas dos gêneros eletroforró, balada sertaneja e tecnobrega, que estão fazendo sucesso nas
rádios e TVs e na "nigth" de todo o Brasil;
# referência à diversidade
étnica da autora: Maria da Cruz, sua bisavó negra, seu pai italiano e sua tataravó índia.
Izabel Cristina Dutra - Produzido em JF/MG, entre os dias 16 a 20/05/2012.
Izabel Cristina Dutra - Produzido em JF/MG, entre os dias 16 a 20/05/2012.
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