Então... As águas de março fecharam o verão e escancaram
as bicas, neste outono que já começa... É parece que vai haver uma daquelas
enchentes da goiaba... Lembra*? Houve um
março desses... Não faz tanto tempo assim, eu ainda estava na ativa, ... Em manhãs
de chuva, eu estava lá e ELA passava...
Não passava só... Passava...
ELA
& ELES& EU... I
Então... As águas de março
fecharam o verão e escancaram as bicas, neste outono que já começa... É parece
que vai haver uma daquelas enchentes da goiaba... Lembra*?
Houve manhãs dessas bem chuvosas... Não
faz tanto tempo assim, eu ainda estava na ativa, mas já estava precisando tomar
o ônibus pra chegar à escola , onde eu exerci meu último cargo no magistério municipal, como
bibliotecária... Ela fica no bairro onde moro*¹, mas é logo
aliiiii!... Naquela subidinha lááá... da
Coronel Quintão com a Itatiaia e Enéas Mascarenhas!*¹....As pernas já estavam
dando sinal do que ia me acometer nos próximos outonos e etc.
Então... Nessas manhãs de chuva, eu ficava encolhida,
debaixo do toldo da pastelaria do Lolô*¹, que agora é Bar do Lolô, esperando
0 601*¹... Aí ELA passava... Não passava
só... Passava ELA & ELES & EU... Bem... Eu ficava... E toda vez que ELA
passava, ELA me olhava e ELA rodopiava a linda sombrinha com lindos desenhos... E se
rodopiava também ... E ELA sabia que eu achava aquilo tudo lindo: o olhar, os rodopios dela e da sombrinha... E as gotinhas
de água respingando tudo! Mas ELES... ELES sempre ralhavam!
─ Para! Assim vc. vai me molhar e se molhar...Vai chegar com tudo
molhado na escolinha... Inda vai dar trabalho de eu ter que enxugar! Para!!! –
gritava a mãe, já desatinada de tão atrasada pro trabalho...
Mas
ELA não parava e ficava olhando pra mim...
─ Para! Assim vc. vai molhar a dona! Para, Elleannycy,
paraah! – explodia o pai, desatinado de tão atrasado pro trabalho.
─ Mas que nome difícil!... Essa
menina vai custar aprender o nome... Mas como é que a Srª sabia que se escrevia
assim?
─ Eu não sabia... Aliás, V.S.ª custou mas já veio dar pitaco na
minha crônica, né?... Eu vou ficar sabendo depois...
Então... ELA continuava e
ELES ralhavam.... E, quando já iam arrastando-a
em direção à escolinha*¹, Elleannycy sempre voltava e me atirava alguma
coisa... Um pedacinho de lápis de cor, um bichinho de plástico, uma bala macia
de mel... Às vezes, o pai voltava e recolhia o objeto e se desculpava:
─ Foi
mal aê... Dona!...
E ELA&ELES sempre sumiam, debaixo da chuvinha matutina, que
depois sempre engrossava e engarrafava as avenidas desta cidade-vale...
Às vezes, o 601*¹ vinha logo a seguir e, ELES, depois de deixar a menina lá na escolinha*¹, sempre corriam atrás dele, pra
seguir o árduo caminho do trabalho...
Pois é então... Num desses marços
chuvosos, numa dessas manhãs de chuva, ELA... Elleannycy... A Minina! Ela veio e de
novo o ritual de passar, de me olhar de
rodopiar a sombrinha, de se rodopiar e, de
não parar mesmo que ELES – Pai e Mãe – ralhassem e, de me atirar algo...
Só que
dessa vez bem nos meus pés... Só que nesse dia.... Era um algo de papel
vermelho... Oh! As surpresas dos anjos!... Nesse dia, quando o pai quis recolher
o objeto e se desculpar, a Minina segurou firme a mão dele e disse:
─ Não pega
nãuuum! Eu dei pra elaah!
─ E o que foi que a Elle... Ellly... Ah!... O que a Minina jogou, quer dizer, deu pra a Srª Dona
Cronista?
Ah... Isto eu conto amanhã, porque agora estou com sono e, ainda vou cumprir meus propósitos de oração... Amanhã... Eu conto... Boa noite!!!
Então... As águas de março fecharam o verão e escancaram as bicas, neste outono que já começa... É parece que vai haver uma daquelas enchentes da goiaba... Lembra*? Houve um março desses... Não faz tanto tempo assim, eu ainda estava na ativa, ... Em manhãs de chuva, eu estava lá e ELA passava... Não passava só... Passava...
ELA
& ELES& EU... II
Então... As águas de março
fecharam o verão e escancaram as bicas, neste outono que já começa... É parece
que vai haver uma daquelas enchentes da goiaba... Lembra*?
Ontem... Eu estava
lhe contando... Naqueles tempos... Lembra?
Eu ia de ônibus para a escola porque as pernas já estavam dando aquele
sinal... Lembra?... E sempre que chovia de manhã, eu me ficava encolhida,debaixo
do toldo da Pastelaria ou do Bar do
Lolô, esperando 0 601... Lembra?
Aí ELA & Eles passavam e eu ficava... Mas
ELA.... Elleannycy... A Minina dava o seu show particular: lindos rodopios de
sombrinha e de si mesma... Lindas
gotinhas de água e de pura alegria respingando tudo!!! Sempre ELES ralhavam ...
Pai e Mãe! E sempre havia o grand finale
*²... A surpresinha... As desculpas
dELE...
Houve um março, desses bem chuvosos...EU estava lá debaixo do toldo e
ELA&ELES passaram...
─ Ataia, Dona Izabel.. A tia aí já contou este pedaço...
Então... Como eu estava contando... Num desses marços chuvosos, numa dessas
manhãs de chuva, ELA... Elleannycy... A Minina veio e de novo o ritual de passar, de me olhar de rodopiar a
sombrinha, de se rodopiar, de não parar
mesmo que ELES – Pai e Mãe – ralhassem e de me atirar algo... Só que dessa vez
bem nos meus pés... Só que nesse dia.... Oh! As surpresas dos anjos!... Quando
o Pai ia pegar de volta, ela gritou:
Não
pega nãuum! Eu dei pra elaaah!
─ Sim até aí eu já sei! Desata o nó e conta logo...
O que foi que Elle... Elly... Ah! O que foi que a Minina jogou, quer dizer, deu
para a senhora?
─ Um livrinho! Sim! Um lindo livrinho de capinha vermelha e bem
pequenininho mesmo! E só com duas págininhas com letrinhas bem miudinhas. E na
contracapa... O nome difícil da Minina de alegria fácil: ELLEANNYCY, com
letrinhas tortinhas de criança aprendendo a escrever o nome...
É... Caras (os) Outras (os) Leitoras (es)... Outra surpresa! Parece que a Minina já sabia escrever o seu nome difícil...
─ E que tinha
escrito na capa e nas outras pagininhas, hein?...
Calma, Caríssimas
(os) e Curiosissímas (os) Todas (os) Leitoras (es), agora a Surpresa dos Anjos:
Na
capa do livrinho estava escrito em lindas letrinhas : Biblinha...
E
nas pagininhas, um lindo versículo de um dos salmos de Davi, o verdadeiro adorador!
ELA& ELES se foram no seu caminho...
Se foram mesmo! Porque o 601 veio logo e, curiosamente, ELES, depois de deixar a Minina na escolinha*¹, não correram
atrás do ônibus, não! Depois disso, só vi ELA& ELES, de relance em certo dia, saindo da Mercearia Lima*¹ (o mercadinho!). E era um lindo dia de sol!!!
Uns meses depois, eu entrei de licença-saúde e o tempo
passou... Agora, não tomo mais ônibus para ir ao trabalho, nem em marços chuvosos como
este, que já vai findando! Me aposentei!
Então... Hoje, quando a chuva matutina começou bem
fininha e depois engrossou, engarrafando as avenidas desta cidade-vale, me lembrei da
Minina e do presente: a Biblinha... Uma supresinha que Anjos do Senhor me fizeram para acalentar meu
coração.
Querida Minina, de nome difícil, mas de alegria e de gentileza fácil-fácil:
A Biblinha anda perdida nos meus guardados, mas a mensagem foi guardada par coeur*²:
“ O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra!”
*³
Quem sabe um dia eu possa lhe dar um presente assim tão celestial?
Mas agora, vou cumprir meus propósitos de oração, dormir e sonhar com os anjos... Boaa noiteee....
*-Referência aos poemas “Pés de goiabeira” e “Pés de goiabada” do livro de poesia “...Das
Almas de Minas...”, da mesma autora;
*¹ - Referência às Escolas Municipais
Amélia Pires e Paulo Rogério, logradouros, estabelecimentos comerciais e linhas
de ônibus do bairro Monte Castelo, na Zona Norte de Juiz de
Fora/MG;
*² - grande
finale – em francês, um final espetacular e guardar par coeur, decorar no sentido de manter no coração;
*³ -
Salmos 121:2.
Izabel Cristina, escrito em JF/MG. entre os dias 26 e 29/03/2013.
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