quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Os decifradores de enigmas primaveris!

E aí agosto tinha chegado ao fim...  Setembro não tardaria!  Lembra?E eu tava lá, passando pela rua do Posto de Saúde, bem devargazinho e eles também tavam lá...Lembra? Agora com outubro instalado e a chuva boa chovendo em todos os cantos e, o dia das crianças anunciado em todas as mídias,  com direito a promoção, eu me lembro deles... Eles, quem?...
 I
    Aqueles meninos...  Os decifradores de enigmas primaveris. Agosto estava findando, enfim.  A friagem tinha ido e  voltado. E o vento?  E  o sol também... E o sabiá sabido idem. Ele viera trinar e solfejar no pé de jabuticaba, o  do vizinho, bem em frente à minha janela dos fundos.  Na verdade, ele viera para morar lá nesta temporada  pois é lá que fez seu ninho. Foi o que me informou o neto, o do vizinho.  
    Isso tudo somado à sinfonia dos pardais mais as visitas intempestivas dos bem-te-vis mais os chilreios das cambaxirras dando um total considerável  de alegações da força da primavera que vem aí! E ainda não havia falado  das chamejantes flores vermelhas do pau-cebola e dos ipês dourados na granja do vizinho, e já tinha que admitir que há um enigma da natureza no ar das redondezas... 
    Há uma nova polêmica na colônia de joão-de-barro da parada. Sim, senhores, não duvidem de daqui a pouquinho haverá um condomínio  deles... Eu contei... São 1,2... cinco casais de joão-de-barro nos postes a caminho do posto.. Fora os 3 ou 4 dos ipês e dos paus-de-cebola das adjacências... Ainda por cima disso tudo, eles inventaram de fazer as casinhas de barro com portinhas viradas para todos os lados! Aí eu pirei!! 
     De que lados virão as chuvas este ano?? Que primavera será está com chuvas vindas ninguém de onde??
II
     Lembra? Os  casais de joão-de-barro  das redondezas da praça e do posto de saúde estavam em crise. Portinhas de casinhas de barro viradas para todos os lados! De que lado virão as chuvas, nesta primavera então?  
    Se você não sabia,  ficou sabendo:não eram os institutos de meteorologia que determinariam de que direção  viriam as chuvas – era o joão-de-barro e... sua cônjuge. Eles fazem a portinha da casa do lado contrário delas! Mas, neste ano, eu não sabia o que  dizer, ou melhor,  ia ficar sabendo... 
     Pois, se eu estava lá... andando devargazinho e mais do que preocupada, na rua do Posto de Saúde e da Praça, eles também estavam lá... surfando na grama da praça, com sua hipermega prancha de papelão: os decifradores dos enigmas primaveris, despreocupados!  Um deles me saudou: 
     ─ Oi, tia!!  (Sabe, por privilégio de professora e bibliotecária, tenho direito a porções extras de sobrinhos na comunidade!) 
     ─ A senhora viu? Vai chover de tudo quanto lado, neste ano! 
      Ah! Enfim decifrado mais um enigma científico, digno de prêmio Nobel: - as chuvas viriam de todas as direções, neste ano!!  Quem não tem telhado nem portinhas variadas, que se cubra e proteja!
 III
     Lembra? Um dos surfistas de grama de praça me decifrou o enigma. Era um moleque de um topezinho de uns oito anos, sobrinho por parte de escola. As portinhas não tinham direção certa. Cada uma virada para um lado diferente. 
     Simples: as chuvas viriam de qualquer lado, neste ano! 
     ─ Mas, menino – perguntei – os  filhotes deles vão ficar molhados, se a chuva vier de lado errado? 
     ─ Não, tiaaah! Tá vendo aquela casa de barro bem grandona, lá no coqueiro da granja?
     ─ ... Ahnn!  Ahnnn!Tô! 
     ─ Então, eles iriam se esconder todos lá, quando começasse a pingar! Aí... eles vão ficar lá até a chuva passar! 
     Ah! Um abrigo permanente  para emergências coletivas? Eu nunca tinha pensado nisso! Acho que a maior parte da humanidade também não! Pois é... agosto já passou e  setembro também! 
     Quando a primavera e as chuvas vieram, não houve  problemas. Pelo menos, para a colônia ou condomínios de joão-de-barro, da rua do posto e adjacências! Se precisasse, eles se abrigariam na casa de barro bem grandona, no pé de coqueiro da granja do vizinho... 
     Mas eu que faço parte da humanidade, continuo a indagar: De que direção virão as chuvas, neste ano? E onde iremos nos abrigar?
Izabel Cristina Dutra, reescrito em JF, Monte Castelo, em 06/10/2011.

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