segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Um dia perfeito para viver o Dia da Mente Limpa?...

Então é outubro...É primavera!  E o sabiá tá que canta... Nesta segunda semana, tem feriado, tem dia da criança e dia do professor... Aí hoje é domingo, pé de cachimbo... e o que mais, meu caro Anselmo?!...
 I
     Pois é, meu caro amigo Anselmo, tudo em perfeita convergência:  estamos em outubro e é primavera total com florações, sinfonias de pardais e suas majestades  (são quatro ou cinco, aqui neste trecho do bairro) trinando todo o tipo de trinados que sabiam. A natureza e as  ruas foram  lavadas, na noite passada, pela chuva boa! Falta só 2 meses para o verão , o natal e toda aquela festança de fim de ano... 
     E mais ,na segunda semana tem feria... (...adão para alguns e ...adinho para muitos); e tem dia de  piá*¹ e de mestre ( fessô,fessora, tio e tiaah...)!!!! Por falar em nós, vão passar o semanão do mestre pagando greve! Vão, né... que eu estou de licença-saúde e se não estivesse, tava lá também.  Bão, como dizia minha vó:
     ─ A gente pega e proveita... 
     Então proveitando bem, eu tiro este domingo primaveril para tentar viver o meu “personal days of clear mind” já que os meios de comunicação não aderiram ao projeto.Não vou na banca de jornal, não ligo rádio nem TV nem computador e aviso a família que estou off-line
    Aí  me preparo para ouvir no sonzinho particular: músicas do cd do menino maluquinho*² e corinhos gospel. Aí um certo vizinhozinho , meu amigo e meu fã, passou cantando:
     _♪♪Hoje é domingo, pé de cachimbo... O galo monteiro pisou na areia... ♪♪... 
    Aí não deu outra, tirei  do cantinho do feioso um certo cd de músicas folclóricas, um pouco arranhado mas ainda dá para ouvir no meu micro-system dos anos 90... E eu que sou mineira de Minas, não sou da gema mas sou do brejo, não resisti! 
     _♪♪ Fui no Itororó e encontrei água à beça.   Atravessei a pinguelinha e os peixinhos nem reclamaram, quando lavei o pé...Eu entrei na roda e comecei dançar... Tirei o meu pezinho pra ser seu par... E tomei essa  coca-cola toda, na janela da escola. Só não namorei um garoto do colégio  militar porque já sou casada  e já tô bem passada!...♪♪... 
     Aí um filósofo de plantão me  indagou: 
     ─Vc. está feliz da vida ou com a vida, hoje?!
     ─Heiin?! 
     O que é hoje? É o amanhã que nunca chega!  E o que é felicidade?! !?!!?  Afinal o que é a Vida? Aí eu nem meditei nada e como professora, eterna aprendiz que sou, fiquei com “a  pureza da resposta das crianças”:
     ─♪...É a vida... É bonita e é bonita” ...*³
II
      Eh... Meu caro amigo Anselmo...  Era um outubro primaveril! Era um domingo pé de cachimbo...  Véspera total de festa e feriadão... Eu estava no embalo da  pureza da vida bonita das crianças... Eu estava  prestes a matar o dragão da comunicação e salvar o meu príncipe e o meu barquin de papel... Quando  fui no corredor auscultar tempo pra ver se estava chovendo ou era só uma garoinha. 
     Aí vindo de não sei  que lado da vizinhança: 
     ─ Menina... Cê viu a bicicleta dela ficou retorcida e ela toda esmagada!...
     ─ É pior é  o shopping e o conjunto popular que construíram em cima do lixão que agora tá soltando um tal dum gás que vai explodir! ... É horrível... 
     Era alguém descrevendo, em cores mórbidas, o  recente   acidente de uma médica e atleta...  E um outro alguém reportando os desmandos da construção civil, no Brasil.
     Foi o show da vida descerrado pelas cortinas frias e nebulosas da morte.Sem  falar do meu príncipe que fugiu, horrorizado com a frieza cruel da vida real e o meu barquin de papel desceu enxurrada abaixo, desmanchado que nem o bonequinho doce. 
     Não sei se pra me desvencilhar ou dexavar*, acordei uma  certa  analista de plantão no meu subconsciente. Ela deu de querer discutir a dialética ocidental do paradoxo anti-ético do  lúdico infantil:
     ─Que areia é esta que bate  no sino de ouro que bate no besouro?!... E ainda tem um tenente mofino que dá no menino e ninguém faz nada ... 
     E  ainda cita os artigos do ECAD***!... E pior...  Surtos de consciência ecológica e civil questionam: 
    ─ Por que atirar o pau no gato?! E se a canoa virou,quem foi salvar a Maria? !  Vai ficar aquela tralha toda, poluindo as águas do mar?!  E quem foi o terrorista que tacou fogo no quartel?!Osama não foi pois está morto, dizem, né?!..
III
     Eh... Meu caro amigo Anselmo... Tem mais!... Vizinhança e família não contemplaram a minha proposta e ficaram on-line o tempo todo... Toda a mídia impressa, radiofônica e eletrônica pareciam interessadas em boicotar a minha paz.  As news da internet e da TV se interpondo em minha zona zen e me dizendo que a Margarida foi seqüestrada, olê... olê ...olá! ... 
    E mais um caso de corrupção e entrevistas variadas com Justin e suas  fãs tresloucadas!E  mais... Quem não dormiu agora, não vai dormir de madrugada não! Porque bares adjacentes estarão promovendo uma fest-feijoada ou costela assada no bafo!! Vai rolar um samba-funk lá na varanda do João ( os cariocas-do-brejo ainda não adotaram a modalidade festa na laje) e ainda tem o concurso da Rainha da Primavera... Bão... Minha vó também dizia:
     ─ Se tem um limão, faz uma limonada...
      Eh... Meu caro amigo Anselmo, eu não tinha limão... Mas tinha uma manga... Chupei ela toda e retirei fiapos com um prático fio dental, um dos artefatos da sociedade de consumo, que virou artigo de extrema necessidade nas últimas décadas... Adiei sinedie  o meu Dia Perfeito da Mente Limpa...  Me conectei todinha e acessei sites de todas as espécies, e enfrentei a poluição sonora vigente com tanghettos eletrônicos, um presente da minha amiga Janice. 
     E mais: dei de cantar desatinada, em responsus ao canto desesperado do Sabiá, meu amigo,,que  fez o ninho na garagem da vizinha ... Tem um moço que diz que ele  tá é chamando mais chuva, mas eu acho que ele tá descontrolado, com tanta informação...
    ─Manhê!!!... A Tia Multimídia me bateeeu!!!
*¹  piá: criança -termo de origem indígena, que aprendi com um jovem amigo.
 *² Referência ao personagem “Menino Maluquinho” ,  de Ziraldo.
* ³ Referência  a  canção “O que é, o que é” do saudoso  Gonzaguinha
** Dexavar –  gíria usada em zonas nortes de RJ e JF que significa várias coisas em torno da  idéia de sair-se bem.
*** ECAD – Referência ao Estatuto da Criança e do Adolescente
Izabel Cristina Dutra, reescrito em JF  em 10/10/2011

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Os decifradores de enigmas primaveris!

E aí agosto tinha chegado ao fim...  Setembro não tardaria!  Lembra?E eu tava lá, passando pela rua do Posto de Saúde, bem devargazinho e eles também tavam lá...Lembra? Agora com outubro instalado e a chuva boa chovendo em todos os cantos e, o dia das crianças anunciado em todas as mídias,  com direito a promoção, eu me lembro deles... Eles, quem?...
 I
    Aqueles meninos...  Os decifradores de enigmas primaveris. Agosto estava findando, enfim.  A friagem tinha ido e  voltado. E o vento?  E  o sol também... E o sabiá sabido idem. Ele viera trinar e solfejar no pé de jabuticaba, o  do vizinho, bem em frente à minha janela dos fundos.  Na verdade, ele viera para morar lá nesta temporada  pois é lá que fez seu ninho. Foi o que me informou o neto, o do vizinho.  
    Isso tudo somado à sinfonia dos pardais mais as visitas intempestivas dos bem-te-vis mais os chilreios das cambaxirras dando um total considerável  de alegações da força da primavera que vem aí! E ainda não havia falado  das chamejantes flores vermelhas do pau-cebola e dos ipês dourados na granja do vizinho, e já tinha que admitir que há um enigma da natureza no ar das redondezas... 
    Há uma nova polêmica na colônia de joão-de-barro da parada. Sim, senhores, não duvidem de daqui a pouquinho haverá um condomínio  deles... Eu contei... São 1,2... cinco casais de joão-de-barro nos postes a caminho do posto.. Fora os 3 ou 4 dos ipês e dos paus-de-cebola das adjacências... Ainda por cima disso tudo, eles inventaram de fazer as casinhas de barro com portinhas viradas para todos os lados! Aí eu pirei!! 
     De que lados virão as chuvas este ano?? Que primavera será está com chuvas vindas ninguém de onde??
II
     Lembra? Os  casais de joão-de-barro  das redondezas da praça e do posto de saúde estavam em crise. Portinhas de casinhas de barro viradas para todos os lados! De que lado virão as chuvas, nesta primavera então?  
    Se você não sabia,  ficou sabendo:não eram os institutos de meteorologia que determinariam de que direção  viriam as chuvas – era o joão-de-barro e... sua cônjuge. Eles fazem a portinha da casa do lado contrário delas! Mas, neste ano, eu não sabia o que  dizer, ou melhor,  ia ficar sabendo... 
     Pois, se eu estava lá... andando devargazinho e mais do que preocupada, na rua do Posto de Saúde e da Praça, eles também estavam lá... surfando na grama da praça, com sua hipermega prancha de papelão: os decifradores dos enigmas primaveris, despreocupados!  Um deles me saudou: 
     ─ Oi, tia!!  (Sabe, por privilégio de professora e bibliotecária, tenho direito a porções extras de sobrinhos na comunidade!) 
     ─ A senhora viu? Vai chover de tudo quanto lado, neste ano! 
      Ah! Enfim decifrado mais um enigma científico, digno de prêmio Nobel: - as chuvas viriam de todas as direções, neste ano!!  Quem não tem telhado nem portinhas variadas, que se cubra e proteja!
 III
     Lembra? Um dos surfistas de grama de praça me decifrou o enigma. Era um moleque de um topezinho de uns oito anos, sobrinho por parte de escola. As portinhas não tinham direção certa. Cada uma virada para um lado diferente. 
     Simples: as chuvas viriam de qualquer lado, neste ano! 
     ─ Mas, menino – perguntei – os  filhotes deles vão ficar molhados, se a chuva vier de lado errado? 
     ─ Não, tiaaah! Tá vendo aquela casa de barro bem grandona, lá no coqueiro da granja?
     ─ ... Ahnn!  Ahnnn!Tô! 
     ─ Então, eles iriam se esconder todos lá, quando começasse a pingar! Aí... eles vão ficar lá até a chuva passar! 
     Ah! Um abrigo permanente  para emergências coletivas? Eu nunca tinha pensado nisso! Acho que a maior parte da humanidade também não! Pois é... agosto já passou e  setembro também! 
     Quando a primavera e as chuvas vieram, não houve  problemas. Pelo menos, para a colônia ou condomínios de joão-de-barro, da rua do posto e adjacências! Se precisasse, eles se abrigariam na casa de barro bem grandona, no pé de coqueiro da granja do vizinho... 
     Mas eu que faço parte da humanidade, continuo a indagar: De que direção virão as chuvas, neste ano? E onde iremos nos abrigar?
Izabel Cristina Dutra, reescrito em JF, Monte Castelo, em 06/10/2011.

Ele &Ela...&Elas!...

Lembra? Setembro mal começara e já estava acabando. A primavera prosseguia com trilha sonora particular para todos os gostos! Lembra! Eu tinha ido fazer mais um exame, eu tinha conhecido ELE... E depois... Ela! Lembra?
ELE & ELA!.     
     Pois é...  Setembro já vai chegando ao fim, e veio a primavera, mas não veio a chuva boa.   Animada pelo grande desafio musical das Majestades, os sabiás locais, fui esperar o ônibus perto da praça, só para ouvir melhor.  
       Então aí eu tava lá, no 601, rumo ao centro da cidade, pela segunda vez nesse dia... Por conta de uns exames chatos mas necessários e, desses que a gente tem fazer de manhã e de tarde. 
      A gente já tava na Rua do Bernardo, quando entrou uma mãe e um menino da mãe! O motorista avisou para eles sentarem nos bancos da frente. A mãe estava grávida e me pediu para ele sentar no meu cantinho., pois estava muito apertado para os três. E ELE veio...  
     Um menino no topezinho assim de uns cinco a seis anos e com aquele jeitinho de carioquinha do brejo: roupinha maneira, sorriso maneiro e portador da mexma(assim mexmo com x) mania que eu, a de conversar com todo o mundo (como dizzz... minha filha). E foi logo se acomodando ao meu lado e se apresentando: 
     ─Meu nome é Marcelo! 
    O que me restou senão me apresentar, também? 
    ─ Prazer, Izabel! A partir daí entabulamos complexas conversações sobre o galho de bouganville  rosa que se intrometeu na janela do ônibus e  bichos de nuvens passeando nos céus. Até contamos os vagões do trem que sempre atrasa a gente! Assuntamos sobre o museu e seus macaquinhos ausentes ( ele me garantiu que elex extão morando na Amazzzônia). Trocamos opiniões sobre livrinhos lidos e irmãozinhos que estão pra nascer! E conversávamos... E ríamos!.. 
    Neste ponto, o nosso coletivo se perdeu no emaranhado de um engarrafamento típico do depois meio-dia, aqui nesta via nada expressa, de JF. Parecia que havíamos perdido o fio da meada dos assuntos, quando ELE me deu a deixa:  
     ─ Sabe... Eu estive pensando!...  A minha bola  preta e branca furou! Aí eu pensei...
     Queridas amigas de BH e do RJ, chupem esta manga! Até os carioquinhas do brejo tão  lendo e pensando pra caramba, principalmente quando a bola deles está furada... 
     Pois é... Foi assim o resto do trajeto, toda vez que parecia morrer o bate-papo, ele me dava a deixa: 
    ─ Eu estive pensando!...  
    E foi assim, de pensamento em pensamento pensado, de livrinho em livrinho lido,  de espera em espera de irmãozinhos, de bolas em bolas furadas, chegamos ao Calçadão e antes que nossos caminhos se separassem, talvez pra sempre(quem sabe?), ELE se despediu com um tchauzinho e um beijinho na pontinha dos dedos e uma recomendação:
     ─  E não esquece de ler o livrinho do macaquinho que lhe falei! 
    Pois é... Eles estão lendo e pensando pra caramba... E com a mente cheia de novos pensamentos e novas leituras, fiz o exame numa boa, comprei uns moranguinhos e umas laranjas, na barraca de sempre e voltei pra casa, toda marcadinha de seringa mas feliz!... 
      E nessa tarde, ao chegar em casa, tive a coragem de...de...  
     Em reponsus à melancólica “acorde-me quando setembro acabar”*¹ do meu vizinho, deixei rolar Cold Play e...Viva la Vida! ...Viva La Vida!...*² E M.J me pedindo para  smile forever! *³
    Ah!Por falar nisso... E ELA? ELA?  Ela extava também lá... Na rua do Marechal! Uma dália de um laranja chamejante nos cabelos combinando com o uniforme... Brinquinhos delicados combinando com o batom bem retocado combinando com seu smile.. E sua pá e sua vassoura mágica! 
    Quem é ELA???  A Miss Gari de JF... Ela bem que poderia ser também Rainha da Primavera, apesar e por causa de seus 60 anos cheios de viva La Vida! Mas isto é uma outra história!!!!


  1.  ELA&ELAS 

     Pois é... eu tinha acabado de conhecer ELE, o carioquinha do brejo, que lê e pensa pra caramba ... Lembra? 
     Eu fui fazer o exame tão cheia de novas leituras e  pensamentos, que resolvi descer pela Rua do Marechal para passar na barraquinha de frutas para comprar morangos e laranjas... Morangos e laranjas combinam com primavera que combina com Viva La Vida*¹ que combina com ELA. Toda combinadinha nos laranjas chamejantes da flor do cabelo ao uniforme impecável... Mais os brinquinhos delicados e, mais o batom bem retocado, atestando sua condição de miss. 
    A gente já ia quase se esbarrando e quando paramos, trocamos um sorriso... Acho que M.J.*² ia se amarrar no nosso smile que  durou uns minutos e depois se transformou numa prosa andante e ridente: ela em cumprimento do serviço e eu pra não perder o próximo ônibus. Durou um trecho rápido entre as barraquinhas do camelô e a banca da esquina com a  Batista. Mas durará uma eternidade, desde o tempo em que era ela mocinha, e tinha cabelão quase nos pés... 
    Aí falamos da elegância, da beleza  em qualquer tempo e em qualquer idade. Então, ela se apresentou e nem chateou porque não a reconheci. Quem é ELA?   
    Ela é a  Miss Gari 2002, de JF, gente! Depois disso, ninguém segurou nossa fala nem nosso riso escancarado, em pleno centro comercial desta cidade-vale e pólo de muita coisa... Falamos de roupas que causam alegria e combinam com tudo porque combinam com a vontade  de viver... E rimos porque o meu vestido estampado de laranja combinava com a roupa dela. E fomos descobrindo que havia mais coisas combinandinhas entre nós... E aí, Neli?**... Tá vendo ou lendo? Eu não disse que vc. ia parar no meu blog? Promessa feita, promessa cumprida...
    Ah! Por falar nisso, lembrei que preciso cumprir uma promessa feita a ELAS... Elas quem? As minhas amigas de lindos cabelos retocados,que ficam num banco antes dos bancos da banca do Parque, pertinho do Pirulito... Mas isto é uma outra história...
 *¹ -Referência a "Wake me up when september ends", do Green Day.
*² -Referência a Coldplay e uma de suas músicas mais tocadas em festival de rock e, de música colonial também.
*³ Referência a Michael Jackson e sua canção preferida "Smile", composta por Charlie Chaplin.
** Referência à D. Neli Alves, primeira Miss Gari, eleita entre as trabalhadoras do DEMLURB, em Juiz de Fora
Izabel Cristina Dutra - reescrito em JF, 06/10/2011.


terça-feira, 4 de outubro de 2011

No Vale do Paraibuna!...

 I

        Aí... Então é setembro e aqui nada de chover aquela chuva boa de primavera, para refrescar ruas, prédios e almas.... Eu tive que levantar e sair cedo de casa... O sabiá  e sua corte trinou os mais belos hinos de encorajamento... E eu precisava mesmo! Eu tava lá indo para mais uma maratona de uma repartição pública para outra, a fim de resolver um desses pepinos que qualquer cidadão (ã) tem que resolver. Aí ...Então... 
      Depois, eu  vou  descendo o Calçadão e vou me misturando ao rio de gente que vai desaguar no delta de todos os rios desta cidade: no Antigo Centro Histórico desta cidade-vale – no largo, na Praça da Estação!... Eu tava lá e eles também tavam:  as garis mais elegantes do pedaço( uma tava de bonezinho rosa combinando com delicado par de brincos); um andarilho nervoso tentando acertar pombos assanhados por causa de um pouco pipoca na calçada; uma mãe arrastando criança atrasada para escola; um casal de velhinhos namorando numa boa; e vendedores ou entregadores de papéis cercando o povo na cancela! 
   Inda bem que não vinha trem e pudemos rápido atravessar  a Avenida, que antes era marginal  mas agora é bem Brasil. Aí dou de cara com aquela ponte de onde um dia lancei parte de mim no Paraibuna, que surgiu neste instante moroso ... 
   “Pobre Rio de águas escuras: arrastas as cargas alheias e ainda tens que lavar almas que teimam lançar-se em suas poluídas mas Sagradas Águas!”*¹ . O verso me vem a memória, com força do primeiro momento,  porém não tenho tempo siquer de suspirar  pois a multidão me arrastou ponte abaixo e me atirou para além do sinal de não sei quantos tempos, onde eu sempre me confundo... 
   Com certeza, éramos a mesma “plebe ignara e rude” *¹porém não tivemos tempo de vagabundear... Então me vi diante de uma  outra repartição pública, que  ainda não voltara do almoço... Com certeza, hoje não era o  lado “mais laborioso da urbes”*¹ pois carros e pessoas agora passavam vagarosamente... Aí... Então... O jeito era esperar...
II  
   Lembra?... Eu já tinha sido arrastada  ponte  abaixo pelo rio de gente... Eu não tive nem tempo de nem de me lavar nem de  suspirar no Paraibuna, e já estava diante de outra repartição para resolver aqueles blá...blá... e blá... E o jeito era esperar... Aí... Então fui comprar uma garrafa de água na única lanchonete do pedaço.Aí compro, aí começo a beber e aí não resisto ao que minha filha chama de mania de conversar com todo mundo... Aí tô que bebo água  e tô  que converso com Marley ou Marlei, a dona e balconista de plantão. E descubro o quê? Que ela é escritora de caderno em espiral ... 
     E me mostra seus escritos, falando de seus sentimentos... Aí chega uma moça, que está fazendo um curso de recepcionista, compra um quibe e vai embora... A gente mudou o rumo da prosa, falamos da vida em geral... 
    E aí chega um rapaz, desses que vem do Nordeste vendendo cadeiras, redes e colchas... Ele conversou um pouquinho. ofereceu a mercadoria e foi embora... Era bonito o rapaz e conhecido dela..Mudamos da prosa, de novo! Falamos mais especificamente de amor, das relações amorosas do passado e do presente... Falamos mais do ato de escrever, de derramar o coração e eu sugeri que ela lesse outros escritos de outras pessoas... Ela gostou da idéia porque queria escrever cada vez mais e melhor...  
    Era a minha hora de ir... Deixei um cartão... E nos despedimos como velhas amigas. Prometi voltar e ela prometeu fazer contato.  E  lá vou eu para mais uma repartição, para descobrir que não era ali que ia enfim digerir o pepino!  Aí então tenho que refazer o caminho, de volta... 
    Atravesso o sinal de não sei quantos tempos, onde sempre me confundo, alcanço a ponte e, de novo estou às margens de Paray-una...*¹ Vejo, quase à flor d’água, um ramo de sempre-vivas, amarelinhas, fraquinhas mas resistindo à avalanche de restos de lanche, sacolas plásticas, pedaços de jeans e toda a espécie de lixo que ainda insistem em lançar ao pobre rio... Alguns ficam rolando e atestando o descaso público... 
     “Perdoa, Paray-una” ! *¹  Deixa-nos lavar e “dá-nos a pureza de tuas Sagradas Águas (inda que poluídas) para que a gente possa suspirar e atravessar o resto incerto dessas pontes a tempo de... te salvaaaar!” *¹ 
     Aí, escuto mais do que eu esperava: trinados de sabiá, chilreios de cambaxirra e sinfonia de pardais*² me apoiando e me incitando a alguma manifestação pública! 
     Porém,  naquela hora o que pude fazer foi atravessar a cancela antes que viesse o trem, e eu me atrasasse para mais uma idinha  até a próxima repartição pública, onde eu poderia dar um jeito naquele pepino... Serah?!


*¹ Referências a versos do poema “Nas Sagradas Águas de Paray-una”, do livro “Das Almas De Minas”
*² Referências a verso da canção sertaneja de Roberta Miranda.
Izabel Cristina Dutra escrito em  JF,16/09/2011






No Pirulito!!!

E aí?  Tá cansado(a) d se perder da pessoa com q vc. marcou,  no centro da cidade? Principalmente, naqles dias  em q o rio d gente  do Calçadão se pororoca  com o mar d pessoas da Avenida do Barão e dpois inunda o Parque? Seus problemas se acabaram-se?** Faça como eu e muitos outros jovens dsta cidade-vale: marq lá no Pirulito!
I
     Isto mesmo q vc. leu! O mais novo marco histórico dsta cidade-vale e pólo do q é bom e do q é + ou  ─ também : o Pirulito do Parque!   Ond fica o Dr. Halfeld e também o Sr. Lage. Ali se encontram  passado+presente+futuro, d  presidente a peão, governistas e oposição!   Vc. ainda ñ  tá entendendo  e ñ sabe onde fica ñ? Pergunta pro seu filho ou pro filho do seu patrão. Eu cá fiquei sabendo com o G-5, a turma da minha filha.  O Juca,meu marido também ficou sabendo e achou 1 maravilha. É fácil – eles vão t responder!  Fica bem d frente pro coração da cidade e atende a sua necessidade.  
     Ele muito evidente e ñ há como se perder. Fica entre a antiga Prefeitura e a cabine policial, antes da  Câmara Municipal, ond tem hrs.  q votam bem e tem q hrs. votam mal! Quer saber se quem vc. espera tá certo ou tá atrasado? Quer saber se está com traje  adequado? Ele informa  o tempo, a temperatura. Pod ser consultado por criança ou gente madura! E ali repousam  os moços e até mesmo as senhoras... Sabe aqla de cabelo louro retocado?  Tá sempre com suas amigas, no banco, ali ao lado. 
      Ah! ainda tem os artesãos, não os ficam nos boxes oficiais... Mas aqles q ficam no chão... Os hippies do brejo, como os chama 1 certa amiga minha de BH e, órfãos  de “Hair!”*² como chama 1 outra de RJ... Serah? 
     Ah! + a frente, ainda  tem os bancos da banca, aonde vc.  pod ler ou somente descansar.       
     Pois é... pods crer : seus problemas se acabaram-se** e as hrs. d longa e tediosa espera se findaram-se! O tempo lá passa dpressa , mal termina já recomeça... 
    Mas vc.meu camarada q  é  todo enrolado, faz favor: ñ marca com  duas do mesmo lado ñ: o povo do Pirulito ñ gosta d confusão e para entrar numa briga, ele ñ dá nada não. 
     Marca no Pirulito, que lá a gente ñ se perde e é segura a diversão!  Lá o mundo gira em apenas 2 palitos e está na nossa mão!

II 
      Isto mesmo q vc. lerá de novo! No mais recente marco histórico  dsta cidade- vale e polo de muita coisa – no Pirulito!!
      Pois é... Eu tava lá...Resolvendo 1s coisinhas burocráticas, dessas q qualquer cidadão (ã) tem q resolver, e sperando a hora das repartições públicas voltarem  do almoço. 
     Notei q o povo q tava lá sperando , tava bem agitado. O céu tava  cinza chumbo d chuva  psada... Pinga e respinga mas  ñ choveu legal aki, no vale do Paraibuna... 
    Aí, o povo q fica, esperando no Pirulito, vai e vem entre a cabine dos meganhas*¹, digo, dos Srs. Policiais, e os bancos da banca, ond vc. pod ler ou simplesmente descansar. 
    A grand maioria tava é qrendo saber o resultado da rodada d weekend do Brasileirão... Mas tinha 1 outro povo q tava preocupado com o nível do Itajaí q baixa e rebaixa e ainda ñ baixou de vez, fazendo aqla contagem letal dos períodos d chuva em demasia ...  
    Pois é. Como a espera era longa e parece  q o mundo , hoje  aki, ñ quer girar em 2 palitos,  fui assuntar c/ os meus amigos artesãos – não  os dos boxes oficiais, mas os q ficam no chão... Perguntei sobre Pataxó, um certo amigo baiano...  Pra saber dele e ver se ele tinha uma dança pra fazer  chover a conta certa, aki  no vale do Paraibuna... Rsrsrsrs!... 
    Eles disseram  q ele tava voando... Q teve 1 gente aí q quis prendê-lo mas q índio ñ se prende... Teve 1 deles - o  já bem  grisalho...  Ele me falou 1 coisa meio cascuda... Na hr., eu não entendi porq mas ele afirmou q “o inferno são os outros”*²! E mal eu m recuperei do golpe, ele bateu pra mim q está lendo e analisando Sartre... 
    Queridas amigas de BH e de RJ chupem esta manga! Parece q os do brejo tão lendo e pensando pra caramba, apesar e por causa da cabeleira. É possível que haja investigação de paternidade, pois não parecem tão órfãos assim... Serah de Hair?... De Osama?... ou de Obama?...  Serah?!
    Eh!... Mudando o rumo da prosa... Parece q chover bastante por aki e d todos os lados. Aí  ñ vai dar pra esperar + tempo ak,i no Pirulito... É q aki só tem 1 defeito ou melhor 2: não tem marquises nem pára-raios... E as árvores do Parque não vão dar conta se chover q nem no Itajaí... Aí o inferno serão as águas...  
*¹ - termo popular utilizado, nos anos 60 e 70, para designar policiais e militares;
*² – referência a pensamento Jean-Paul Sartre, escritor e pensador do existencialismo francês, do século XX.
*³ - referência ao musical e filme sobre o movimento hippie, das décadas de 60 e 70.
**- referência a bordão do programa de humor “  Os Cassetas...”
Izabel Cristina Dutra – escrito em 12/09/2011

 .

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Uma outra princesa descalça e, um rei na praça!

Era um outro agosto, mas não consegui me livrar deste desgosto:
I
     Aí era um dia depois do depois do 5º dia útil de um outro agosto...  As liquidações de inverno já haviam começado... E a cidade não havia sossegado... As moças das lojas já estavam na porta, oferecendo um lindo sorriso e um lindo cartão, enquanto um rapagão anunciava a melhor promoção!  Eu tinha escapado ilesa da pororoca de gente do Calçadão. Eu tava lá, cheia de pastas e sacolas, coisas de casas e coisas de escola...Eu tava lá, no Largo que tem nome de riacho e também é Praça eu acho...
     Ah! Cê não sabe nem que Largo nem que praça é essa...  Aquele (a), que de um lado fica um montes de lojinhas e entradas para o shopping que tem nome de fábrica...  e  do outro, a Avenida do Barão prestes a se encontrar com a Rua dos Andradas, parentes do democrata, eu acho!Pois...  
    Eu tava lá... Os moradores do condomínio Monumento às Forças Armadas já tinham se debandado, indo cavar a sua vida dura e, o pão recheado de amargura, que nem aquele “o não sei o que digo” quer amassar nem tampouco degustar!O ponto de ônibus estava lotado e o trânsito engarrafado! Passeata agora cedo? Acidente com irmão do Alfredo?  Não sei... mas sei que eu tava lá e ela também! Ela? 
    Uma linda moça negra! Uns restos de mega-hair maltratados, uns restos de vestido curto estampado e os pés secos, magros e descalços... E dançava! E sorria! Que idade tinha? De onde vinha? Não sei! Só sei que dançava uma música que só ela ouvia, e executava uma coreografia de sua autoria...  Me jogou um beijo e  me saudou:
     ─ Oi, tiaah!...

II
      Tiaaah? Que menina era, das muitas a quem encontrei, das muitas a quem ensinei? Daiannah Aparecida ou Sthephanny Cristina? Nome difícil, família difícil, vida difícil... Que menina era aquela?  Ele me esclareceu. Ele? O andarilho mais gentil daquele point.                     ─ Aí, princeeesa! Que beleeeeza!
     Ah! Ela era  mesmo um membro da realeza... A das ruas – que reina com o sol do dia e reina à noite, com a lua...E eu tava lá... Eles também e agora tinha muito mais gente... Não sei se esperando o coletivo ou assistindo ao baile da corte local...Porque, de repente... Ele deu um salto, um rodopio e, em gestos galantes, tirou a dama real para dançar e formaram um lindo par... Rodopia pra lá, rodopia pra cá numa valsa que  ninguém mais ouvia. A platéia embevecida estava quase a aplaudir, quando gritos se fez ouvir
     ─ Graciqueliiih! Sua safada! Que piiinnn... é esse aí? Sua piiiinnn...! Tá pensando que sou piiiinnn, sua piiinnnnn!
     Que gritos eram? De quem eram esses gritos?? Era de um cidadão, morador do condomínio da Praça ou, um membro alijado da realeza e da diversão. Sei que se instalou a discussão, entre a dama, o cavalheiro e o ofensor, mais os executivos do escritório de negócios paralelos e informais, que funciona na esquina do Largo, bem perto da banca e das cabine dos meganhas.
     Ah! Agora cê se situou? Pois é... A discussão se ampliou e já ia já virar agressão, quando por instinto de mãe e de mulher, eu gritei:
     ─ Meu Deus, acode! Eles vão bater nele
     ─ Ah! Não vão não! – atalhou um cidadão que estava ao lado e eu nem tinha reparado! Era um senhor de meia- idade, bem fortinho e bem malhado, parecia ter sido soldado...
Também descalço!  Cheio de autoridade de guardião da cidade, o rei do pedaço:
      ─ Ah ê! Ah ê! Circulando! Po parar! Po parar! Todo mundo vazando...

III
     E vazaram e  circularam mesmo!  Cavalheiros obedientes, vassalos cabisbaixos e, a princesa indo retocar a beleza nuns restos de espelhos entre restos de zelos! Sim! Agora  eu me lembrava: Gracy Khelleyn. É assim que se escrevia no tempo que lei para isso não havia, para frear a paterna imaginação e o desvario do escrivão! Assim se chamava a princesa descalça.Mas mal tive tempo de me dar ao direito de identificar, de perguntar:─ Que  destino triste era esse que me fazia reencontrar essa menina de nome difícil, família difícil, vida difícil morando na rua?Ela já também estava circulando acompanhada do rei, que a levava pelos braços, em passadas largas e meio a sentença de uma senhora, desculpe..., uma cocoroca*:
       ─  Agora vão encher a cara de pinga e de droga, lá na Praça da São Sebastião!...
      Era um  outro agosto... mas ainda não me livrei deste desgosto! De rever a linda menina Gracy Khelleyn, de lindas trancinhas enfeitadas de tererê, a quem eu ensinei a ler e a escrever... Perdida nas ruas e agora, sem saber aonde ela vai dormir ou dançar. Porque tudo ficou mais difícil, além do que já era difícil, assim para ela?E senti um espinho no coração, ao ligar a televisão, para ver o jornal do meio-dia e meia... 
     E vi! A Érica mostrava o estado das praças do Largo e a da São Sebastião. Aliás, de todas as praças da cidade, na mais pura verdade – um monte de lixo e de droga, alguns rastros  de andarilhos e crianças misturados às fezes de um cão! Miséria, sujeira e confusão!
     Queira Deus que Gracy Khelleyn não esteja lá mais não! Que o Rei dos Reis a tenha livrado desta,  lhes dado salvação, casa comida e lugar para descansar depois de dançar, em paz: para esta e outras princesas da rua e para esse e outros reis do pedaço, que afinal lembrei: era o seu irmão... Agora, e as praças? Tanto deles como delas, nós temos que cuidar, ensinar e denunciar!!

*¹Expressão popular para senhora idosa ranzinza.
*² Expressão popular,nos anos 60 e 70, para designar policiais e militares


Izabel Cristina Dutra – reescrito em JF, 18/08/2011

A princesa descalça...

Aí era mais um dia-a-dia após o outro...  Era o último dia útil: dia de enfrentar fila para receber pouco e pagar muito... Eu tava lá mas havia muito mais gente e havia..
     Aí a gente tava lá... Muita gente, eu juro... todo mundo com muito a pagar e todo mundo completamente duro. Éramos uns 90... 100... 106! 107, contando nós e mais ela!  Não se mulher feita ou pobre donzela... 
      Mas  a gente tava lá na fila... E ela também, só que fora dela...Sentada, esparramada, de mala e cuia! Bem no meio da escada... Num chique antigo e amarrotado, o jovem rosto enrugado, pelas tormentas da vida... Os cabelos encaracolados, ruivos ... castanhos... de roxo pintados... E os pés, com unhas feitas não retocadas,  sujos e descalços...um princesa descomposta, na escadaria do paço.. A gente tava lá  e ela também... 
     A  gente esperava e ela  cantava num inglês que a gente no understand e num portunhol que ustedes não compriendes nem  nois outros... que távamos na fila, enrolada, bagunçada, muito além da escada e já beira da calçada...
     E ela,  arrumava e desarrumava suas tralhas e cantava...Não agradava nem a gregos nem a troianos.., E nois outros que nem ao menos éramos  romanos, até que  curtia aquela elegia desatada ao amor desatinado no canto desafinado... mas a gente tinha a vida, tinha a fila pra levar e contas pra fechar: 
    ─ Em pensar que a família dessa menina tem muito dinheiro, falou lá, de trás, o engenheiro.       
   ─ Essa juventude estragada e drogada! – sentenciou  a fiscal aposentada, que se espremia no rabo da fila, lááá na calçada.
     Já ia se formar o tribunal  que julga o anormal, quando chegaram os seguranças e começou uma estranha dança:   ia pra frente e  ia pra trás gente grande e criança, enquanto a chique descalça era desalojada sob o protesto da platéia desarranjada: 
     ─ Chama a polícia, grita um tal de Ari!
     ─ Chama a família que mora perto daqui, informa o gari.
     ─ Leva pro albergue, determina o Dr.Jorge!  Leva não leva,chama não chama e a trouxa se esparrama deixando a mostra uns restos de vida da menestrel ferida: livros, retratos e uma faixa: Princesa Simpatia – era o escrito que havia.
     ─Vaza...vaza! gritava um guarda municipal apoiado pela geral ... 
     E ela vazou, em direção ao Parque,  e lá se foi a cantar, num inglês que a gente no understand e num portunhol que ustedes non compriendes mais que nois outros  que lá estava e lá ficava, afinal curtia e sabia que era uma estranha elegia a um amor desatinado, em agonia... 
                   Izabel Cristina Dutra, escrito em  julho de  JF/2011

Um certo dia 2


Aí eu estava lá naquele dia qualquer  de um certo agosto... Houve um tempo que também que  poderia ser mesmo um mês de desgosto ... mas hoje eu creio que ele é sempre a gosto de Deus... Naquela época eu não morava aqui... Eu morava lá mais ao norte do norte dessa cidade... Eu já tinha essa mania de falar com árvores, me atracar a elas ou me encostar nos seus troncos, confessando minhas mágoas e buscando a força das suas raízes...
     Aí naquele dia eu tava lá... Juro que não era só eu... Eu+2 meninos+ 2 árvores... naquele dia 2  ventoso de agosto, que se não era o seu também era o meu dia... Era um dia mau... regalo 0 e desgosto 1000... pra mim+2 meninos +2 árvores... Eu atracada... na minha, eles encostados... na sua... Eu + 2 meninos que não sabíamos o que fazíamos, perdidos tentando nos reafirmar nas 2 árvores tão perdidas e inseguras quanto... na ventania do dia, na ventania da vida!
    Aí eu estava lá naquele dia 2, ventoso, desgostoso e sem razão.. e muito mais sem coração, arrancado do peito, sei lá por qual ventania e, em qual desses dias.Eu+2 meninos+2  árvores... resistindo no vento... desistindo de ser arrastados por uma certa ventania... Mas a gente era  gente, mesmo sendo três...  Sem raízes nos pés,  Deus nos fez e, sem asas, mas essas Ele nos  dá, principalmente quando venta e, a gente tem que sair voando por aí, antes de ser arrancado... Aí naquele dia a gente tava lá... eu + 2 meninos e saímos voando de mãos dadas e não havia vento que as tornassem desgarradas, até encontrar a saída... 
   A gente, mas só a gente foi...  Eu+ 2 meninos porque não podíamos ficar para sempre agarrados nas 2 árvores... que ficaram lá... sozinhas, para sempre até não sei por quantos dias e por quantas ventanias... Pra elas, Deus deu raízes pois asas, forças e razão Ele nos dá pra voar pra longe, juntos ou sozinhos, principalmente nos maus dias ou naquelas ventanias de arrancar o coração.
Izabel Cristina Dutra, reescrito em 02/08/2011.

Aí... naquele 99% dia!...

Eh o dia 27...   E Hoje começo a publicar um conjunto de poemas que na verdade que  são crônicas de uma cidade-vale ( ou um dia após o outro)

:
         Aí eu tava lá...inopidamente lá/eu tava lá só de corpo/A alma já tava em casa/eu tava lá em certo ponto 99% vip da cidade/eu e dois urubus pousados na área de serviço/99% ampla e limpa de um prédio 99% chique e belo/99% ,um modelo... frio...vazio/não se via alma viva...nem corpo/podia se ver eu e os urubus pousados/não por rapina/ mas por atitude 99%  inopina/ de pousar onde não convém// Aí estavam lá e eu também no ponto 99% vip da cidade/ na área de serviço 99% limpa do prédio 99% chique/99% fumê 99% transparências guardando ou escondendo as almas das gentes 99% Vips/que mesmo vivas não se via/ /Mas eu e os urubus... a gente tava lá e viu um moço/ um moço só saindo da garagem 99% limpa e ampla/ um moço só 99% chique/99%belo, um modelo de brinquinho e de rabinho 99% loiro/ com seu olhar frio e vazio por trás do vidro 99% fumê como convém a 99% vips// um moço só não viu os urubus/ mas me viu inopidamente pousada/ onde  99% não convém/ e piscou/ não sei se por tique ou por chilique/ ou por atitude 99% chique 99% inopina/ de piscar como quando 99% convém...// Bem ...eu tava lá naquele dia/ eu e os urubus pousados e nos entendemos/ não por rapina/mas por atitude 99% inopina/ de pousar onde não convém/ e causar tiques chiliques ou atitudes 99% chiques/ em almas 99% não vistas/ mas que 99% vivem em certos pontos 99% vips/ desta cidade 99% inopina!!! 

 Izabel Cristina Dutra - reescrito on-line em JF, dia 27/07/2011