sexta-feira, 30 de março de 2012

Andando pela cidade....


Então... Março já vai passando... O outono tá esquisito... Parece que vai chover... Meus médicos e a minha filha não recomendariam, mas eu tenho resolver umas questões dessas que só o (a) cidadão (ã) tem que ir pessoalmente... Aí eu fui e fiquei...
Andando pela cidade... I    
     Pois é... Aos 28 dias de um março quase bissexto do 2012º Ano da Graça cheio de previsões – umas boas, outras ruins e muitas “nem tanto” – lá vou eu, para o centro da cidade resolver aquelas coisinhas que o (a) cidadão (ã) tupiniquim tem que resolver pessoalmente... 
      Não! Caro (a) Leitor (a), não adianta mandar procurador, nem padrinho e nem QI*... 
     Então... Apesar deste outono esquisito e quente, que finge chover aqui e finge não chover acolá, eu fui... Já tou ouvindo a voz deles: 
     ─  Olha! Dona Izabel, evita multidão e dias de chuva porque se lhe alguém lhe empurra ou a Sra. escorrega...  
     ─  Manhê... Não fica andando na chuva! Quer que eu vá pra vc.?  
     E vcs. querem me explicar como evitar multidão nesta JF, cidade-vale e polo de tudo quanto há? E para esses casos, nada de intermediário! 
     Inda bem que o casal de pardais não têm vindo catar farelos aqui na minha cozinha, senão Dona Pardaloca ia ficar recomendando: 
     ─ Hei! Humana!... Já passou filtro solar? Batom e brinquinho? Leva o casaquinho e a sombrinha que vai chover... Frutinha na bolsinha para não comer porcaria na rua?... 
     É mole? E tem mais descobri que eles comendo as migalhas humanas, só que na cozinha da vizinha... E por falar nisto, hoje escutei um meio trinado mais uns chiados, na janela dos fundos... E descobri Dona Sabiá se abrigando nas folhagens da jabuticabeira do vizinho... Por que ela não partiu com os outros sabiás? Vai ver que é por isso que essa jabuticabeira não dá frutos... Ela se preserva para ser abrigo de pássaros que se negam a migrar... 
     Vê se pode! A gente se mete a entender mistérios da natureza e ainda por cima perde a hora de sair e o rumo da prosa! 
     Pois é... Aí... Então eu fui ao centro da cidade... Primeira parada: Av. dos Andradas com a Av. do Barão, justo ali perto do Largo e da praça que fica em frente do shopping que já foi fábrica e da Farmácia Homeopática Zander e aonde funcionou o Jardim de Infância Mariano Procópio**... 
     Ah... Ainda bem... Elas ainda estão lá... Eles também... Elas? Eles?... Daqui eu pouco eu digo...

Então... Aos 29 dias de um março quase bissexto do 2012º Ano da Graça, tô aqui em casa ouvindo o trinado de uma sabiá que se recusa a partir... Ontem, eu tinha chegado ao Largo, no centro da cidade... Lembra? E fiquei aliviada porque Elas e Eles ainda estavam lá... Lembra? Elas? Eles? Não sabem? Então só...
Andando pela cidade... II   
      Pois é... Então... Eu cheguei lá e a primeira coisa que verifiquei não foram os preços das lojas em promoção de verão, no shopping que já foi  fábrica... 
     ─ Não, caro (a) leitor (a), eu quis saber se Elas e Eles ainda estavam lá... 
     Elas? As árvores do Largo e da praça... Lindas!... Fonte de energia e sombra pra dar e vender... Eu não consigo deixar de olhá-las e parece que elas sabem disso... Sempre se agitam quando passo, e de vez em quando eu levo um banho de folhinhas tenras e florzinhas miudinhas que mal desabrocharam... Vcs. sabiam que algumas ou muitas delas serão cortadas? 
     Não sei pra que nem por quê? Dizem que faz parte das obras que atormentam o sono do Barão do Rio Branco***!! Fiquei sabendo no face *1... E um amigo que encontrei no Pirulito me confirmou... Eu tô arranjando um jeito de impedir... Não sei como ainda... Talvez eu faça igual aquela moça do filme e me agarre a elas, na hora do corte... Talvez Eles se encorajem e me ajudem... 
     Eles? Os que ficam sob a sombra daquelas árvores! Os andantes, passantes e ficantes daquele logradouro... Vcs. sabem quem são... Chamo de andantes àqueles que ficam entre a banca e a cabine dos “meganhas”¹ ... quer dizer dos Srs. Policiais... 
     Humhum! Aqueles mesmos! Profissionais liberais e informais que prestam as mais variadas consultorias e só não vendem a mãe, porque isso não se faz nem no Brasil, que “ce n’est pas un pays serieux”²! (em francês mesmo). 
    Chamo de passantes aqueles que descem do ônibus e se apressam porque o “lugar está cheio de meliante e pivete da pior espécie!”³, que eu chamo de ficantes – não no sentido moderno da palavra. 
    É que eles ficam ali – uns só de dia, outros só de noite e outros, dias e dias a fio... Alguns vão pernoitar no Albergue #. Não consigo deixar de olhá-los... Parecem que eles sabem disso e alguns já me saúdam à distância, mas o bastante para que nossos olhares se encontrem e nos reconheçamos...  
    Pois é...  Pode ser que me engane... Mas tem dias que eu vejo, entre eles, alguma ex-vizinha ou algum ex-aluno, o pai de algum amigo de infância ou um parente distante de não sei qual grau! E isto dói, até depois que eu atravesso aquela longa faixa de pedestres entre a Av. do Presidente e a do Barão!
    ─ Não sei porque! Tão aí porque querem –  arenga*³ acidamente a Sra. Nem tanto – Ao invés de caçar trabalho, ficam aí se drogando e se pros.... Cala-te, boca!... 
    Mas mesmo assim  dói, dona! Porque sei que muitos não querem voltar pra casa, porque casa já não há!  E em tem mais força pro trabalho, porque trabalhar em quê? 
    Quer saber... Fui atravessando aquela faixa bem depressa... Na verdade, com a pressa que as minhas 3 pernas me permitem agora! Subi a São Sebastião e fui à sede do SINSERPU*³ e depositei o meu voto na urna. Saí mais apressada ainda, porque o clima estava mudando e eu tinha umas ou três coisas para resolver. 
     E quando vi, eu estava no coração da cidade, aonde os rios de gente do Calçadão se pororocam com o mar de pessoas da Av. do Barão e depois inundam o Parque, ou se enroscam no Pirulito, o novo point de encontros da cidade, no bom e no mau sentido...  
     Como eu tinha que esperar a volta do almoço das repartições públicas, Eu também fiquei por lá uns quarenta minutos, conversando com um amigo. Mas isto eu conto depois porque tá armando uma chuva daquelas, e o 112 encostou no ponto, e vou em direção contrária, lá na gráfica tratar de detalhes da produção do livro... Depois!... Depois!...

Então... Aos 3o dias de um março quase bissexto do 2012º Ano da Graça, eu estou aqui em vendo dona Pardaloca se acabando com os farelos da vizinhança, neste outono que finge chover de um lado da cidade, e não chover no outro! Anteontem, eu tinha chegado ao Largo, no centro da cidade... Lembra? E fiquei aliviada porque Elas e Eles ainda estavam lá... E depois açodada pelo asco da Sra. Nem tanto, arravessei uma longa faixa para pedestres... Lembra? Pois é... Acabei no Pirulito, fiquei conversando com um amigo, e depois me mandei no 112, pro outro lado da cidade porque aquele era o dia de eu ficar...
Andando pela cidade... III    
     Então... Eu tinha passado no Largo, onde pretendem cortar árvores, segundo a crônica popular e eletrônica... E aonde deveria haver uma limpeza étnico-social, segundo a ideologia quase que nazista da Sra. Nem tanto... 
     Aí depois de votar, eu fui parar no Pirulito.  Encontrei um amigo e conversamos. Conversa vai e conversa vem, o tempo começou a girar e ia cair uma chuva daquelas. 
     Aí eu tomei 0 112 que me levou para um coração alternativo desta cidade-vale – aquela região indefinida entre o Mariano Procópio, o Manuel Honório e o Santa Terezinha*£... 
     Bem a tempo! Porque começou a pingar assim que entramos naquele pedaço da Av. Brasil e depois virar a Rua do Águia de Haia**£... A conta certa de entrar naquela travessa ou beco ou... É aonde fica a agência dos Correios dali e a gráfica que vai produzir o meu livro... 
    Antes que engrossasse a chuva, entrei. Lá conversei com Walmer, que é o designer, e lhe passei o material. Deixei recado pro  Ignácio. 
    Quando saí, a chuva estava fininha e agira sim: uma chuva bem outono, fininha bailando ao vento quase brisa...  Mas quando fui atravessar aquela ponte, ela engrossou e uma paisagem, que eu não admirava, me deteve... O ciso me disse que eu deveria buscar abrigo na marquise mais próxima... Mas o espetáculo de um rio em dia de chuva é de parar um (a) cidadão (ã) tupiniquim ou não: diante mim, o Paraibuna com suas águas escuras, revoltas e apressadas, recebendo o refrescante recurso de uma chuva de outono! 
As árvores – que espero não estejam na previsão do corte para não sei que obras – dançavam e atiravam folhinhas, como se fossem confetes que pudessem fazer esquecer a água preta de alguma saída de esgoto , as garrafas pets portando todo o verme possível e sacolas redemoinhando em torno de um bicho morto... 
     Um desgosto amargo (assim mesmo!) me veio à boca... Não pelos pés molhados naquela sandália rasa... Nem pelo vento úmido que tentava arrancar-me a sombrinha... Mas por sentir o esforço supranatural do natural pela sobrevivência... 
     ─ Ah Paray-una... Quando é que esta gente, que se apossou do teu vale, descobrirá que sem ti, nós é que sucumbiremos?! 
      Pois é... Se eu não estivesse tão cansada, talvez eu me atreveria a esticar a caminhada pra ver se Elas ainda estão lá! Mas aquela porcariinha que comi lá no Centro não substituiu o almoço... 
     E já são 2 horas da tarde!Hora de tomar o 602 na próxima esquina pra voltar pra casa, e parar de andar pela cidade...  E foi o que fiz.    
     E quando entrei no coletivo, o motorista e eu nos cumprimentamos e o trocador brincou: 
     ─  Corre, dona... Olha a enchente das goiabas, aí!!!  Goiabas, goiabada com queijo... 
     Esta lembrança me deu uma fome!!! Então entabulamos uma conversação que começou nas enchentes das goiabas, passou na preservação e na sustentabilidade do planeta, e terminou numa receita diet e light de goiabada para diabéticos, o que me convém! 
     Ah... Elas? As capivaras! Aquelas que fazem o espetáculo na margem esquerda do rio, bem perto daquele terminal rodoviário... Mas depois eu conto...
     Ah... O que conversei com aquele amigo, no Pirulito? Depois... Depois!

*- QI – sigla de Quem te indicou, uma forma bem brasileira de explicar o tráfico de influência; 
** - Referência à antiga Fábrica de Tecidos Santa Cruz, Zander-antiga farmácia homeopática na Rua Roberto de Barros,  gerida família imigrante italiana;Jardim de Infância Mariano Procópio , nos anos 60, era uma das poucas escolas especificamente para a fase pré-escola,;
*** Barão do Rio Branco, título nobiliárquico de José Maria da Silva Paranhos, - geógrafo, historiador e diplomata brasileiro, que nomeia ruas, avenidas e escolas em algumas cidades do país; 
*¹ -  Referência a Face book, rede social  na Internet criado em 2004, por Mark Zurkerberg; 
*² - arengar – reclamar continuamente, ranzinzar;
 *³ - Sinserpu – Sindicato dos Servidores Públicos  Municipais de Juiz de Fora/MG;
*£ -  Bairros centrais que levam à região Norte e Nordeste de Juiz de Fora;
 **£ - Águia de Haia, título de Ruy Barbosa – diplomata, jurista, político,escritor. filólogo, pensador e orador brasileiro – 1859/1923;           “¹ - meganhas – termo popular usado na décadas de 60 e 70 para designar policiais e militares ;
 “² - “ Le Brasil  ce n’ est. pas un pays serieux! – frase de Charles De Gaulle, general, político, estadista e presidente francês (1890/1970) ;
“ ³ – pivete e meliante – expressões usadas em colunas e manchetes policiais para indicar infratores menores e maiores de idade;
 # - Albergue - Centro de Atendimento ao Cidadão de Rua - Rua Calil Ahouagi, 592 - Centro de JF/MG.
Izabel Cristina Dutra, escrito e re-escrito em JF, entre os dias 28 e 30/03/2012.

   

domingo, 25 de março de 2012

No Vale do Paraibuna e adjacências...


Então...  Aqui no Vale do Paraibuna, desperto em pleno 2012º Ano da Graça e bissexto por demais e aí ...
De repente... 58! I  
     Então... 2012º Ano da Graça e faz pouquíssimos anos que nasci na Santa Casa da Misericórdia, aqui nesta cidade do Vale do Paraibuna... De mãe negra “mina”¹ e mineira (Celina) e de pai imigrante italiano “calabrês”² (Gurino). Como toda  a gente que nasce da diversidade, vim apressada e cheguei com gana de viver e cheia de desafio pra vencer... 
    Há pouquíssimos anos, eu descia de cócoras uma certa escadaria que havia então entre a Av. do Olegário e a Rua do Padroeiro*!  Só pra encontrar com meu pai que era lenhador- jornaleiro e minha mãe, que era cozinheira de família tradicional desta JF... 
    Fazem pouquíssimos semestres que eu fui morar, com ela e meu irmão no antigo nº 24, na parte baixa da  Rua do Floriano*, num sobrado onde embaixo ficava a Casa Magaldi,*¹ - um  botequim que também era empório. Lá minha mãe, que era a empregada, se tornou companheira e depois sócia do dono. Há pouquíssimos meses que eu lia a Cartilha da Lili, As Mais Belas Histórias, e memorizava poemas de Castro Alves, Gonçalves Dias, Olavo Bilac e Cecília Meireles*². Lá eu ouvia Príncipe Igor de Borodin, Allegro com Spírito de Mozart, Gymnopedie de Satie, Noturno de Chopin, Sonata ao Luar de Beethoven músicas para ouvir e sonhar*³. Isto sem contar os Programas do César de Alencar, do Manoel Barcelos e Paulo Gracindo **¹... Estes primores misturados a outros que eu ouvia nos batuque dos negros das Paineiras*, os calangos e sambas de roda na casa de parentes que moravam na Serrinha* ecoam até hoje na minha alma da tez brasileira... E ainda tinha a convivência com os alemães do São Vicente*. 
    Aí de repente o Sr. José Magaldi, meu primeiro padrasto e pai intelectual, faleceu deixando muita saudade e de novo uma reviravolta na vida de Celina e filhos... Fazem pouquíssimos semestres que um Golpe Militar quis silenciar os gritos dos indignados  e o canto do povo  do Brasil, do séc. XX.  Muitos deles desapareceram e muitas Marias, Zuzus Angels e Clarices **² ainda buscam seus amores perdidos nas tramas da tirania moderna... 
    ─ Mas tirando isso, sua infância foi um mar de rosas, não é? – diria a Sra. Nem tanto! Não! 
    Cara senhora e caros (as) leitores (as), eu só contei a parte multicolorida. De azul cinzento ou amarelado me basta o céu... E como parece que vai chover, o resto eu conto depois!
“1 – negra mina – um dos tipos de negros apontados como característico das Minas Gerais durante o período colonial, na obra “Casa Grande e Senzala” de Gilberto Freyre;
“2 – calabrês – típico imigrante italiano, da Calábria, na região Sul da Itália;
*- Avenida Olegário Maciel, Rua Santo Antonio (centro de JF); Paineiras (bairro central onde predominava a população negra nascida na cidade); Rua Floriano Peixoto, cuja parte baixa era considerada o início da Zona Boêmia da cidade; São Vicente, atual Borboleta, uma das antigas colônias alemãs em JF; Serrinha, atual Dom Bosco, bairro que se originou de remanescentes de quilombo mais os recém-chegados grupos de êxodo rural pós-república;
*¹ - Casa Irmãos Magaldi Ltda. – estabelecimento típico da época, gerido por um imigrante italiano do grupo milanês de JF e mais dois alemães da família Habel.
*² - Livros, métodos e autores correntes nas escolas estaduais de JF nos anos 60;
*³ - Autores e obras clássicas mais conhecidas pela classe média de JF, nos meados do séc. XX.
**¹ - programa de auditório de maior audiência, César de Alencar, na extinta Rádio Nacional do Rio de Janeiro, onde se apresentavam os mais renomados artistas da MPB de então.
**2 – Referência a mães, noivas e esposas das vítimas das torturas e assassinatos cometidos pela ditadura militar (décadas de 60 e 70).

Então...  Aqui no Vale do Paraibuna, desperto em pleno 2012º Ano da Graça... Lembra? E em pleno março bissexto por demais e aí...
De repente... 58! II
     E aí então...  Fazem pouquíssimos trimestres que fui morar definitivamente na Serrinha tanto na de baixo como na de cima... E de lá eu descia a pé pra a Escola Normal*, onde continuei estudando até concluir o Curso de Normalista. 
     Fazem pouquíssimos bimestres que eu atuava no teatro amador do Sindicato Têxtil, na companhia de Tia Zuzu*¹ em JF e o momento mais esperado era quando Marisa, meu personagem recitava um poema em homenagem aos pracinhas mortos na 2ª Guerra Mundial e à Bandeira Nacional. E depois que o público estava bem atento, a gente levava uns esquetes que eram subversão pura e sub-liminar. Era a Ditadura Militar impondo seus modelos de civismo e patriotismo, e era a gente se fingindo de quietinho e aprontando, entre as cortinas. Acho que foi que aí que aprendemos a falar por figuras senhas, só ouvir música estrangeira e a ter dificuldade em nos reconhecer...  
     E de repente... 18! Aí então... Fazem pouquíssimos meses que ousei e consegui passar no vestibular da UFJF*³, num tempo que nem se pensava em inclusão e, que mesmo com a tal da democratização do ensino, nós – negros, pardos e pobre - não sonhávamos nem em passar pela entrada sul  desta universidade.  
    Fazem pouquíssimos meses em que precisei voltar a trabalhar e então pisei na minha primeira sala de aula oficial, no Mobral*². Fazem pouquíssimos anos que eu me tornei uma espécie de esperança, sonho ou plano de justiça para a família, a classe e a etnia e de me emancipar pra ser mulher... Era muita carga de esperança nos ombros frágeis dos filhos e filhas do proletariado e dos excluídos... 
    ─ Ah... Que é isso? Vc. está chorando de barriga cheia... Sua vida era uma maravilha... – diria a Sra. Nem tanto! 
     Não, cara senhora e caros (as) leitores (as), é que eu só contei a parte vermelho vibrante militante de minha juventude que de cinza amarelado e alienado me bastam estas nuvens que fingem que vai chover...
*- Escola Normal ou Instituto Estadual de Educação, escola que oferecia ginásio (hoje do 6º ao 9º ano do Ens. Fundamental) e o antigo Curso e Normalista (hoje Magistério – Ens. Médio);
*¹ - Tia Zuzu – Apelido de Bruna Damascena, produtora cultural que atuou entre as décadas de 50 e 70 em JF, através de programa de rádio e um grupo de teatro amador, que se apresentava principalmente no Sindicato Têxtil de então, ela promovia cultura popular e consciente.
 *2 – Mobral – Movimento Brasileiro de Alfabetização, no regime militar, entre anos 60 e 70, onde monitores faziam o papel de professor e ganhavam por freqüência de aluno.
*3 – Universidade Federal de Juiz de Fora - criada em 1960, teve o seu 1º campus fundado em 1972 no bairro Martelos, com duas entradas: uma entre atual bairro Dom Bosco e o Cascatinha e outra em São Pedro.

Então...  Aqui no Vale do Paraibuna, desperto em pleno 2012º Ano da Graça.  Lembra... Em pleno março.  Lembra?...  E numa 3ª semana e de um começo de outono bissexto por demais e aí...
  
De repente... 58! III
     E aí então... De repente fazem pouquíssimas quinzenas de outono em que eu dividia meu tempo entre as minhas salas de aula, o curso de Letras na Federal, movimento estudantil e atividades na juventude e evangelização dos centros espíritas kardecistas* de JF. Nessa época, eu recebia lições de obediência à Lei de Deus, amor ao próximo, e já amava Jesus. E de repente, conheci o rapaz que seria meu noivo e por causa dele, fui morar no Rio... 
     E fazem pouquíssimas quinzenas que fui me adaptar à cidade grande e pensei estar me aliviando da carga de moça estudiosa e trabalhadeira... Larguei tudo e me mandei para o então agradável balneário de São Sebastião do RJ, na então menos poluída Baía da Guanabara.** 
    Fazem pouquíssimas semanas que não me casei e que também abandonei o Caminho*¹. Eu queria viver a vida com meu próprio fôlego e com outros recursos. Aí me misturei aos retirantes do NO e NE, visitantes do AM e PI, às papa-goiabas do ES e aos come-quietos de MG*². 
     “De repente não mais que de repente”¹, 28. E eu tinha sido camelô, feirante, trainée de operações editoriais, contato de publicidade e de novo, professora... Fazem pouquíssimas semanas que rasgava aquela cidade da Zona Norte à Zona Sul, que eu me mudava de ano em ano de trabalho, de casa, de bairro e de namorado...  Eu também mudava de estilo! Ora elegante ora “ahippieada". Ora “reggae” 0ra “blues. Ora “light” ora  “heavy”²...  Li desde literatura de cordel , passando por ideogramas chineses a doutrina budista e crenças afrobrasileiras, passando por auto-ajuda e esoterismo. Li feministas, existencialistas, marxistas. Curti Drummond e Stanley Jordan*2. Participei do “diretas já”  e de todas as manifestações entre a Cinelândia e Candelária.  Assisti a ensaios de escola de samba a concertos no Municipal!!! 
    De repente, eu me vi morando na Ilha do Governador e lá de novo um revertério na vida da brasileira de JF.
     ─ Huum! Não tô vendo nada demais – diria a Sra. Nem tanto – Um monte de gente fez isso nos anos 80. Sim, caros (as) leitores (as), muita gente mesmo! 
     E de repente... eu era apenas mais uma, como esse urubu que tá circulando ali, naquelas pedras, anunciando uma certa chuva...  
*- referência ao espiritismo cristão kardecista, baseado na codificação doas Evangelhos, por Alan Kardec;
** - referência ao primeiro nome da cidade do Rio de Janeiro e às condições da atual Baía da Guanabara;
*¹ - Referência a “... Eu sou o caminho a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai se não por mim” JOÃO 14:6;
*² - Referência a migração de uma considerável porcentagem da população de outros estados do Brasil para o Rio de Janeiro;
*³ - Carlos Drummond de Andrade - escritor e poeta brasileiro (1902/1987), Stanley Jordan – músico e guitarrista norte americano (1959).
“¹ – Paráfrase de versos de Vinícius de Moraes, poeta brasileiro (1913/1980);
“² - Referências a movimentos comportamentais e artístico-musicais das décadas 70 e 80;

Então...  Aqui no Vale do Paraibuna, desperto em pleno 2012º Ano da Graça. Lembra?...Em pleno março de uma 3ª semana e de um começo de outono esquisito e de sábado bissexto por demais e aí...
De repente... 58! IV    
    Aí... Então de repente... 38! E fazem pouquíssimos dias, que eu estava morando na Ilha do Governador*, conheci o pai de minha filha, com quem vivi o melhor sonho de amor e também aprendi, na prática, “que um sonho sonhado sozinho é um sonho”¹! E descobri na gravidez de minha filha Ísis, o valor das grandes amizades que não me desampararam neste desafio... E aí então de repente... Eu estava num ônibus, na União Indústria, rumo RJ/JF,** outra vez definitivamente...  
    Fazem pouquíssimas horas que voltei à terra natal, com uma menina nos braços e muitos sonhos e planos não cumpridos... Uma mulher brasileira voltando pra mais uma luta, escolha feita por amor... Enfim que tinha optado a criar minha filha com dignidade com possibilidade de felicidade pras duas...  
     Não... Querido (a) leitor(a)! Não acaba aqui... Ainda falta contar que fazem pouquíssimos minutos que morei num bairro que tinha sido invasão, que trabalhei em escolas do ensino público na Zona Norte, que voltei a passar no Vestibular e completei meu curso de Letras na Federal, que minha filha cresceu e conheci o Juca...   
    Fazem pouquíssimos segundos que, depois de tanta luta com minhas próprias forças, finalmente abandonei a trilha escarpada em que me consumia e voltei para casa do Pai, pelo Caminho ”². Em certo sábado, entrei pela 1ª vez numa Igreja evangélica e entreguei a minha vida a Jesus – o Maravilhoso -  Meu Resgatador e Autor da Minha Fé...  
    E fazem centésimos de um segundo que eu comecei a sonhar  de novo os sonhos junto e vi ,na Presença de Deus, se tornarem realidade: uma mulher no governo deste país, ditadores caindo aos montes, mudanças pequenas na vida da minha família e do meu povo - mas mudanças! Minha filha na faculdade e meu marido dizendo que também vai voltar para os braços de Deus,  o meu livro de poesia em fase de produção... 
    Ah... Antes de terminar, fazem milésimos segundos que despertei neste 24 de março deste 2012º Ano da Graça, de outono esquisito quase bissexto quase apocalíptico, que ganhei beijinhos da filhota e do  marido e me dei conta:
    ─ De repente 58! Uau! ... 
    ─Huum! E a parte cinza, a ruim... – intervém a Sra. Nem tanto - Eu quero saber do que não deu certo, pra depois de uns toques pra dar um upgrade na sua vida.
     Não, caros (as) leitores (as), não dêem ouvidos a essa criatura! Upgrade na minha vida ,quem dá em Deus! Não foi assim mesmo tão cor-de-rosa e de experiências fantásticas... Mas quem disse que o cinza não é uma cor feliz. Uai! Depende né... Eu só falei do que era róseo porque o céu desta cidade, neste outono esquisito, não sabe se é azul, cinza ou amarelo- chumbo, e eu queria dar umas pinceladas nele, em tons amenos, antes que comece a chover... 
  ─ Mas eu quero saber da parte cinza-chumbo total! – insiste de novo a Sra. Nem tanto! 
  ─  Huuummm♪♪ Lá-rá-lá-rá-lá! Mais que canção linda esta... “Além do Véu!”
   Ah! Então... A  parte cinza só vou contar para testemunhar revolução que o Deus Pai, Filho e Espírito Santo fez em minha vida... Mas vai ser num outro dia porque agora tenho que agradecer as mensagens dos amigos e degustar um delicioso bacalhau à moda... 
    Ah!...A filhinha., que agora está com quase 20 anos, vai cozinhar hoje o seu 1º prato especial pra mamãe e estrear na arte de fazer de um nada, um  motivo de grande alegria...
*- Referência a ilha, onde ficam alguns bairros da Zona Norte do Rio de Janeiro;
** - Primeira rodovia brasileira macadamizada (1858) no traçado do Caminho Novo, entre Petrópolis e Juiz de Fora, atual trecho da BR040;
“¹ – Referência à frase de Raul Seixas, pensador, poeta e músico (1945 -1989);
“²- Referência a  “ ...Eu sou o Caminho a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai se não por mim”. JOÃO 14:6;
- “Além do Véu”, canção gospel, na interpretação de Tino.
                      Izabel Cristina Dutra, escrito em JF, entre os dias 23 e 25/03/2012. 
 






terça-feira, 20 de março de 2012

Aí... Nesses 99% dias bissextos



Então, a segunda quinzena de março vai apontando na esquina, com um outono antecipado atropelando o verão ...E aqui no Vale do Paraibuna...
Então ... Nesse 99% domingão bissexto aí...
     Aí... nesse 99% dia bissexto, domingão de quase outono!... Tardinha cinzenta e no final do período, uma chuva que não sabe se é neblina ou tempestade tropical! Chove em JF/MG. Então...
    ─“São as águas de março fechando o verão”?*¹ 
    ─  Ou será a enchente das goiabas? 
    ─  Ou será um pé d’água bissexto em conexão com um outono antecipado? 
    ─  Ou Marte em quadratura com não sei qual galáxia ou astro recém descoberto?  
    E então o que fazer, nesta noite de domingo chuvoso? Igrejas já estão descerrando a porta e seus fiéis partem com a certeza que a semana vai ser de bênçãos. Casas noturnas ainda nem começaram a função. Já foram narrados todos os gols... E mesmo que o Fausto*² já tenha anunciado o Fantástico*² entrando no ar, ainda tem marido de barriga pra cima no sofá, cochilando. E sem contar com a TV ligada em algum programa de ganhar dinheiro, ou de “minis- realitys- shows", ou “tente outra vez” que tentam impedir a audiência de outro aí em certo canal aí... 
    E aí? Há a filha única se preparando para maratona semanal= faculdade+ estágio +salão de beleza+ shopping em promoção+namorado no celular+trabalhos on-line e off-line+amigas com saudades...
    E então? Já internetei, já facebookeei e orkutei, já baixei vídeo, música, depoimentos... Já fiz minha leitura diária da Bíblia e de mais 2 livros que estou lendo e relendo, aliás 3: “Água da Fonte”, “Quando eu voltar a ser  criança” e o ECAD*³...
   Vcs. já notaram como custa passar aquele período de horas mortas, entre 20:30 e 23:00 de domingo á noite? Ou é minha impressão? Então embora lá fazer alguma coisa útil pra semana que está começando: uma massagem com creme facial, escovar o cabelo 20 vezes de um lado e de outro, consultar a agenda e o calendário de aniversários, ver se o lixo está devidamente separado... 
   Quer saber? Nada disso ... Embora lá escrever uma crônica sob a possibilidade da conexão do paradoxo filosófico da visão fim de mundo dos  extintos povos ameríndios? Humm... Sei não... Com essa chuvinha tamborilando na cobertura da área do vizinho, quebrando o “silêncio dentro do silêncio”**, acho melhor tomar  os remedinhos, orar e dormir...

Então, a segunda quinzena de março vinha apontando na esquina... Lembra? Um outono antecipado, atropelando o verão. Lembra?  Então...Aqui no Vale do Paraibuna...
Mas aí... Nessa 99% 2ª feira bissexta aí...
     É aí? ... Cadê a chuva que tamborilava na cobertura do vizinho?... Sol de março e de outono antecipado... Certa lentidão no ar, confirmando o velho ditado:
    ─ Não há sábado sem sol, domingo sem missa e 2ª feira sem preguiça!  
    Mas tem gente que não leva isso a sério, pois mal abri as janelas para o ar entrar com toda a sua calma segunda-feireana, vem de lá de fora uma frase que derruba todos os mitos. São dois jovens pedreiros, meus conhecidos, que passam no portão: 
    ─ Caraca, véio!... Hoje já é 2ª... 12 de março, meu... A gente tem que agitar aquela parada, antes do dia 20.
    ─ A  gente tem que zerar aquela parada lá essa semana, véio... Senão começa a chuvarada e não vai dar pra gente começar dar começar o muro da Dona Carminha... 
    Então está confirmado: os que ganham o pão suado, não estão preocupados nem com a bissextabilidade  deste ano e nem tão pouco com  esse mais que ambíguo "armageddon"  ameríndio. E pela pressa deles, é bem possível que haja um outono antecipado e bem chuvoso. 
    Mas ainda bem que  também nós  não tamos nem pouco ligados nisso:
    ─ Não é... Robert? 
    Esqueci de dizer toda movimentação de início de semana teve como fundo musical os louvores que cantados pelo meu vizinho, tão pentecostal que nem eu, na janela ou debaixo do chuveiro. Depois ele veio aqui me pedir ajuda numa pesquisa e nós tivemos uma conversinha ao pé d’ouvido sobre umas aprontaçõezinhas básicas na escola. Aí chegou a hora do lanche, a hora dos noticiários, a hora da novela preferida, a única que tenho vontade de ver – “Aquele  beijo”# - um pouco por causa da história  e outro tanto por causa daqueles textos com que Miguelito intervém em tom perfeito. 
    Pois é... Mal recupero o  fôlego, eis a hora de tomar remédio e dormir  e sonhar... Com que mesmo?  Mal acabo de lembrar-me dos fatos e dos sonhos de ontem, já é hoje, já é amanhã... Já é semana que vem!

Então, a segunda quinzena de março já vai passando na esquina...  Lembra?  E... a semana que vem chegando e empurrando com o dedo o sábado, as compras, o domingo, o futebol, a segunda, a preguiça, os fatos e os sonhos... Lembra? Então... Aqui no Vale do Paraibuna...
Pois é... Nesse 20º dia de um março 99% bissexto aí! 
    E aí nesse 20º dia de um março 99% bissexto, o verão se retirou, deixando uma ameaça de tempestade no ar e o Outono chegou...
   ─ Pra te falar a verdade, não sei se foi ontem ou hoje... Sei que foi na calada da madrugada. 
    Tem gente que gosta e sempre quase completa mais uma primavera... Eu não! Eu completo com certeza mais um outono. Exatamente 58 neste março quase bissexto deste quase último ano, segundos os maias. 
    Quer saber? Sinto por eles, mas não vou deixar de curtir este finzinho de tarde outonal onde “encontramos a paz, a harmonia, uma natureza embalada pelos primeiros ventos, pela primeira chuva miudinha que nos convida à meditação, ao reencontro, à amizade, ao amor...” ##
    ─ Pra te falar a verdade, prefiro as estação das cinzas e rosas celestes, de ventos amenos por causa da afirmação da relatividade humana. 
    Até me atreveria a encomendar a Deus, caso os maias tivessem razão, o projeto de um planeta onde outono e primavera fossem mais longos. Assim não precisaríamos  tanto  de decotes completos nem de casacos pesados que, cá entre nós gordinhas, causam um ligeiro incômodo:
   ─ Olha que estação elegante é o outono: vc. pode sair com uma veste com algumas inocentes transparências, e esconder na bolsa uma dessas echarpes perfumadas ou um bolero da última geração, pra na hora  h, quando o sol se por e aquele ventinho frio  assoviar uma canção de amor, vc. fazer aquele gesto de moça de novela (das sete) e se aconchegar ao companheiro... 
   Huummm? Falando nisso, lá se vai o primeiro dia de outono no hemisfério sul... Já ouço barulho de retorno da vizinhança, que volta da frente de trabalho:  
   ─Pra te falar a verdade se não fosse essa licença-saúde e quase aposentadoria, eu não estaria fazendo essas conjecturas de novas poéticas possibilidades planetárias, a que a maior parte da humanidade não tem acesso.     
    Não, caro (a) leitor (a), não tou falando com vc. ...Quer dizer tô falando agora, mas antes eu estava falando com aquela senhora  que retrucou:
    ─ Pra mim, qualquer estação serve. Tanto faz frio ou quente, chuva...  Ei... ôôô... menino, desliga esse rádio que essa música tá doendo meus ouvidos. E você nem sabe que esse cantor inglês tá cantando... 
    Ah! Vc. sabe quem é essa senhora, sim! É aquela senhora “nem tanto...” que sempre  aparece ou no ponto do ônibus, ou no consultório, ou no supermercado e joga aquela pá de cal em sonhos e devaneios de pobres mortais... E o cantor tava cantando em castellano, uma linda guarânia, por sinal... 
   Quer saber?... Tá na hora da janta... Tá na hora do jornal. Eu estou doida pra saber o que vai rolar hoje na novela das sete... Quem será o agraciado desta noite? Shakespeare?  Clarice?  Fernando? Drummond ou algum poeta chinês... Ah! Que pena... Hoje ele não falou nada... Então vou tomar meu remédio enquanto assisto às reportagens sobre mais umas fraudes, mais um brasileiro morto pela polícia no estrangeiro, seca no nordeste e enchente não sei aonde....
   Quer saber?... Vou saborear um gostoso chá de erva-doce... Vou ler a Bíblia, ouvindo umas das mais lindas canções gospel: 
   ─ ♪♪ Eu quero, Oh, Meu Senhor...Te render adoração além do véu... ♪♪... 
    As notas doces de um louvor perfeito vão ecoando nas estrelas que piscam entre nuvens cinzas e róseas e acalmando corações em sobressalto...
    Quer saber?... Quem vai pensar no fim de tudo numa linda e doce noite de outono com essa?... Melhor pensar no renovo que o Senhor oferece todos dias, ainda que nublados, ainda que bissextos...


*1 -  Verso de uma canção da MPB, de Tom Jobim, 
*2  - Referência a programas dominicais da Rede Globo. 
*3 - Referência a "Água da Fonte ( autor: Pr.Wilson Sarli), "Quando eu voltar a ser criança"(autor: Janusz Korczack),ECAD (Estatuto da       Criança e do Adolescente).
** - Referência a poema e título do livro " O Silêncio dentro do Silêncio de Carlito Filho, morador do bairro Monte Castelo.
# - Referência á novela "Aquele Beijo", de Miguel Falabella, da Rede Globo.
## - Texto de autoria de Neuza Neto, publicado em 19/03/2012, em www.benficanet.com
 ♪♪ - Verso de canção gospel - "Além do Véu" - de Tino Cesar
 Izabel Cristina Dutra - escrito e re-escrito em JF, entre os dias 12 e 20/03/2012.